O ser humano do século XXI “rompeu” culturalmente os valores tradicionais da natureza, comuns a todos os mamíferos, a saber: a convivência em grupos. Tal confronto com os nossos instintos primitivos levou-nos a uma crise existencial.
Esfacelamos a família tradicional, abandonamos as comunidades e desfizemos os laços de solidariedade antes tão comuns. Trocamos o apoio coletivo pelo individualismo, pela competição feroz, e pela luta solitária.
O mercado globalizado, midiático e capitalista, construiu o ego ideal: A pessoa forte, bem sucedida, guerreira, que é feliz sozinha e dá conta de tudo. Ela é culta, lê e estuda bastante, é belíssima fisicamente, faz academia, terapia, é segura de si, tem casa, carro do ano, em suma, é feliz e bem resolvida, ela não precisa de ninguém.
O desamparo natural humano foi acentuado pelo ideal emoldurado pela sociedade, e quem não consegue alcançá-lo se sente um merda, um zero à esquerda.
A solidão humana é impulsionada pelas mídias sociais, que mostram inúmeros casos — nunca confirmados — de pessoas bem sucedidas, que alcançaram o ideal social pré-estabelecido. Diante disso temos o aumento dos casos de depressão, vazio, tédio e solidão nas sociedades capitalistas.
Tal sociedade, vazia de valores humanos, nos vende a “solução” para os problemas que ela mesma criou, dizem: “compre, consuma e seja feliz”. E a grande maioria, desesperadamente, em busca da tal “felicidade”, gasta a saúde e a vida em troca de roupas da moda, carros, drogas, bebidas, viagens, livros e entretenimentos.
Como a promessa de felicidade não se concretiza, nos culpamos, muitos dizem para si mesmos: “deve haver algo de errado comigo, fiz tudo o que me disseram e não me sinto mais feliz.” Surge o conflito ideal versus real, levando inúmeras pessoas à depressão, sentimentos de incapacidade e infelicidade extrema.
Estas são as consequências de uma sociedade pouco preocupada com os seus cidadãos e mais interessada na globalização e seus efeitos econômicos.
Estamos caminhando para o aumento do desamparo, da depressão, e do suicídio. Procuramos por um lugar de acolhimento, que infelizmente, está cada dia mais difícil de encontrar.
Os humanos do século XXI possuem bens, dinheiro, e compram diversas coisas que seus antepassados nunca sonharam em ter, mas, no fundo, se sentem sozinhos, infelizes e desamparados, mesmo vivendo entre bilhões da mesma espécie.
- Alessander Raker Stehling
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