Quão difícil é para o ser humano ser rejeitado.
Entendo que a rejeição ao nascermos significa a própria morte, e por isso a natureza nos dotou de atrativos, para que a nossa mãe nos aceite. Os bebês são cheirosos, fofinhos, têm o corpinho frágil, são lindos, e isso não ocorre apenas nos seres humanos; vemos os mesmos traços nos cachorrinhos, gatinhos e filhotinhos de inúmeras espécies.
Crescemos, porém, continuamos buscando a aceitação dos outros. Para facilitar as coisas, utilizamos diversos recursos. Os homens compram carros, buscam poder e ganhar muito dinheiro para impressionar as mulheres. Já as mulheres, tentam projetar uma imagem de feminilidade e sedução. Investem no corpo, na aparência e por meio destes buscam a aceitação dos demais.
Essa busca por aceitação social nos leva à construção de uma imagem, uma máscara: O homem forte, inteligente, bem-sucedido, másculo e de caráter. A mulher meiga, independente, vaidosa, bela e gentil. Entretanto, por baixo dessa “máscara”, encontramos homens e mulheres inseguros, infelizes, ávidos por amor, mas frios, feito rochas.
Esse problema ocorre porque fazemos de tudo pela aceitação dos outros, enquanto nós mesmos muitas vezes não nos acolhemos. Um homem não realizará sua masculinidade seduzindo mulheres com sua imagem de “macho alfa”, e muito menos uma mulher se sentirá realizada apenas pela sua beleza física e poder de sedução.
A necessidade de ambos consiste em se aceitarem como são, o que significa aceitar todos os seus sentimentos — medo, raiva, tristeza, desespero, amor, alegria. Mas isso não é fácil; para perceberem essas necessidades precisarão se desfazer da imagem, da máscara social. Necessitarão de acolhimento próprio, serem eles mesmos e suportarem a rejeição da maioria, sim, ambos agindo assim serão rejeitados, pois não estarão bem adaptados à sociedade.
Fácil não é, contudo, essa é uma vida autêntica, com verdadeira beleza. Beleza esta, proveniente do interior, da aceitação plena de si mesmos e não da exibição externa de aparências.
“Conhece-te, aceita-te, supera-te.” – Santo Agostinho.
— Alessander Raker Stehling
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