“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32), este é um texto bem conhecido e falado. O conceito de que a verdade salva e liberta é compartilhado por diversos pensadores, de Sócrates a Freud.
A busca pelo conhecimento, principalmente de si mesmo, é defendido há tempos como algo curativo e libertador. O budismo, por exemplo, defende que a ilusão (ignorância) é um dos males que o homem deve livrar-se para não ficar preso nas “garras” dos desejos insaciáveis, que necessariamente causam sofrimento. Espinosa diz praticamente a mesma coisa ao afirmar: “Pois o ignorante, além de ser agitado, de muitas maneiras, pelas causas exteriores, e de nunca gozar de verdadeira satisfação do ânimo, vive, ainda, quase inconsciente de si mesmo […]. Por outro lado, o sábio… dificilmente tem o ânimo perturbado.” O objetivo nestes dois casos acima é o da “desilusão”, ou seja, quanto mais o sujeito conhecer a si e as coisas, mais livre e potente ele se tornará.
Nesta “busca pela verdade”, podemos dizer que Freud foi um grande colaborador. Ele ampliou grandemente o conceito de verdade, ao comprovar empiricamente que a verdade não está apenas no que penso e acredito conscientemente, mas que ela está também presente no inconsciente, no que reprimo, por não desejar pensar nisso.
A título de exemplo: um homem que condena fortemente os gays conscientemente, pode nutrir desejos homossexuais inconscientes. Ele acredita que a verdade está no que ele fala, mas na realidade, a verdade está no que ele não fala, em seu desejo oculto reprimido.
Aí está a grandeza da descoberta de Freud, ter criado um método de investigação do inconsciente, que possibilita encontrar a verdade nele enterrada; verdade essa que está além do que o indivíduo acredita ser verdade.
Desconstruindo-se os “muros de defesa” do paciente é possível apresentar-lhe suas verdades, trazendo-lhe assim uma vida muito mais leve e honesta, sem as repressões que tanto drenam a sua energia.
Freud foi um gigante, ao demonstrar que a verdade está muito além do que pensamos ser, e que sua busca deve estender-se ao profundo e gigante inconsciente. Sem dúvidas que esta busca é um trabalho de toda uma vida.
— Alessander Raker Stehling
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