Carta em uma garrafa:
Prezado(a) Senhor(a)
Se estás lendo esta carta, é porque és um ser igual a mim, que padece dos mesmos problemas, dificuldades e glórias. Presumo que, por trás do teu sorriso escondem-se tuas apreensões, teus medos, ansiedades quanto ao futuro, desconfianças em si e em tuas capacidades. Em ti talvez pairem dúvidas quanto ao benefício de seguires um caminho virtuoso, de respeito e superação. Vale a pena todo esforço para me aprimorar como ser? Talvez sejas esta a tua pergunta.
De fato, é compreensível que duvides de uma vida honesta, virtuosa, empenhada no estudo e trabalho (sobretudo em si mesmo), afinal, muitos são os que não se dedicam a nada disso e, estes são os que nos parecem mais felizes. Não plantam, mas colhem, não trabalham, mas possuem muitos bens, não se esforçam, contudo, de nada carecem. É natural que, ao se comparar com estes, questione se vale mesmo a pena sustentar tamanho esforço para tornar-se virtuoso. Mas, venha comigo, observe a natureza, a qual és parte.
Uma árvore produz folhas, flores, frutos e sementes úteis por toda a vida. Nela se abrigam animais diversos, ela é fonte de vida para inúmeros seres, dos maiores aos microscópicos. Essa é a natureza dela, assim ela vive e cumpre o seu papel. Tu, sendo parte da natureza, também possuis um papel; percebas por si: nada no universo é inútil.
Tudo na natureza se direciona para uma finalidade, assim dizia Aristóteles. Em ti também se encontra tal finalidade, o bem supremo: a felicidade. Mas, para encontrá-la precisas nutrir tuas sementes, digo, aperfeiçoar tuas habilidades e dons, que lhe foram entregues pelo universo.
Ouça-me, este é o teu objetivo: conhecer a ti mesmo, encontrar tuas sementes e desenvolvê-las o máximo que puderes. Muitos assim fizeram: Leonardo da Vinci, Leibniz, Goethe, Beethoven, Nicola Tesla, Nietzsche… Estes começaram pequenos, mas atingiram a plenitude, assim como a semente, que encontrando solo fértil desenvolve-se em uma imponente árvore. Tais seres poderosos, robustos e frondosos ainda despertam espanto, nutrem muitos outros, produzem belas flores em formas de arte ao inspirarem os demais, espalham sementes e geram frutos doces e saborosos, que são entregues a toda humanidade. Eles ainda vivem, mesmo depois de mortos.
O que desejas? A glória? Os bens? As riquezas? Olhes para fora, para teus semelhantes, estes foram glorificados: o nome destes encontram-se inscritos no panteão dos gigantes da humanidade, eles jamais serão esquecidos. Trabalharam muito, derramaram o próprio sangue em suas obras, deram tudo de si. Mas quais foram as recompensas destes esforçados homens? O que ganharei eu ao imitá-los? Sua recompensa não reside em nada externo a ti, mas em quem você se torna ao trabalhar duro em si mesmo. Como disse Baruch Spinoza: A felicidade não é um prêmio da virtude, é a própria virtude.
Não te compares com os insensatos, desonestos, preguiçosos e cruéis. Antes, siga o teu caminho, realizes todo o teu potencial humano, e receberás, se praticares estes conselhos, muito mais do que imaginas.
Adeus.
Esta é uma carta de Alessander Raker Stehling a toda humanidade.
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