Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Ninguém poderia imaginar que aquele pequeno vírus revelaria um profundo problema presente na maior parte dos seres humanos: a enorme incapacidade de amar.
À medida que o mundo mergulhava em um estado de isolamento físico, muitos descobriram que estavam ainda mais isolados emocionalmente. A distância física apenas revelou uma lacuna já existente nas pessoas, um espaço escuro que deveria estar iluminado e ardendo em amor.
A pandemia foi como um espelho, refletindo uma verdade: a maior parte de nós mal sabe o que é amar de verdade. Enquanto as medidas de distanciamento nos separavam fisicamente, elas também expunham a desconexão emocional que há muito tempo estava enraizada em nossas relações.
Nas redes sociais, testemunhamos um festival de ódio, intolerância e egoísmo. Em vez de buscar conforto mútuo e solidariedade, muitos optaram por espalhar conspirações, fake news e julgamentos ásperos. Em um mundo já dividido, a pandemia apenas aprofundou as fissuras, revelando a incapacidade de muitos em nutrir relacionamentos saudáveis e compassivos.
Nos relacionamentos familiares, o distanciamento físico revelou um abismo emocional ainda maior. A falta de comunicação aberta e honesta expôs feridas antigas ainda abertas, tornando insuportável o convívio de muitos casais. Em vez de enfrentarem os desafios juntos, vários casais optaram por se refugiarem no silêncio e na negação, alimentando ressentimentos e desconfianças em vez de amor e compreensão mútua.
A incapacidade de amar impediu-nos de uma revolução nas relações humanas. Perdemos a oportunidade de demolir as barreiras imaginárias que nos separam e de nos conectarmos profundamente ao nível global.
No final, a pandemia não foi apenas uma crise de saúde pública, mas também uma crise de valores e de humanidade. Ela apenas revelou uma triste realidade que muitos de nós preferimos ignorar: a maior ameaça para a nossa sobrevivência não está em um vírus ou nas forças da natureza, mas sim em nossa própria incapacidade de amar.
Que a história da pandemia não seja apenas um capítulo sombrio em nossos livros, mas sim um lembrete doloroso de que, no final das contas, só podemos encontrar verdadeira salvação nos braços uns dos outros.
“Ou vivemos todos juntos como irmãos, ou morremos todos juntos como idiotas.” Martin Luther King
— Alessander Raker Stehling
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