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A Posição Depressiva: Uma Perspectiva Kleiniana

Atualizado: 29 de nov. de 2023

A teoria psicanalítica de Melanie Klein trouxe contribuições significativas para a compreensão do desenvolvimento infantil e das dinâmicas emocionais na infância. Uma de suas teorias mais importantes é o conceito de “Posição Depressiva”, que vem logo depois da “Posição Esquizoparanóide”. Neste artigo, exploraremos em detalhes o conceito de Posição Depressiva e seu papel no desenvolvimento emocional das crianças e adultos.


Definição da Posição Depressiva


A posição depressiva, de acordo com Melanie Klein, é uma fase que se segue à Posição Esquizoparanóide. Ela emerge por volta dos quatro meses de idade e se estende ao longo do primeiro ano de vida, embora possa ser revisitada em momentos de luto e estados depressivos na vida adulta. Durante a posição depressiva, o bebê começa a perceber a mãe como uma pessoa completa, separada dele, com aspectos bons e maus. Esse reconhecimento, da mãe em sua totalidade, leva o bebê a uma série de conflitos emocionais, incluindo a angústia da perda, a culpa e o luto.


Nessa fase, o bebê deixa de clivar a mãe em um “bom objeto” idealizado e um “mau objeto” projetado, como ocorre na posição esquizoparanóide. Em vez disso, ele reconhece a mãe como um objeto completo e indivisível. Essa transição implica em uma capacidade crescente de lidar com sentimentos ambivalentes em relação à mãe. Ao reconhecer tanto os aspectos bons quanto os maus dela, o bebê se vê diante de desafios emocionais significativos, incluindo a culpa e a ansiedade.


A Angústia Depressiva


A angústia associada à posição depressiva é frequentemente denominada “angústia depressiva”. Ela está relacionada ao medo fantasioso de destruir ou perder a mãe devido aos impulsos sádicos do bebê outrora direcionados a ela. Essa angústia é profunda e impactante, pois o bebê teme que seus impulsos agressivos possam aniquilar a mãe ou comprometer a relação com ela.


Reparação e Inibição da Agressividade


Diante da angústia depressiva, o bebê inicia um processo de reparação. A reparação do objeto (mãe) é uma tentativa de lidar com a culpa e a ansiedade associadas aos impulsos agressivos anteriormente direcionados a ela. O bebê busca reconstruir o objeto bom, que foi danificado por seus impulsos sádicos. A reparação pode assumir várias formas, como cuidar da mãe, dar presentes ou expressar sentimentos de culpa e arrependimento. Um bebê que cuida da mãe, dando-lhe um abraço ou um beijo, por exemplo, pode estar expressando seu desejo de reparar os danos que ele acredita ter causado a ela.


A reparação do objeto é um componente crucial para o desenvolvimento emocional saudável da criança. Ela permite ao bebê aprender a lidar com sentimentos ambivalentes, desenvolver um senso de culpa e responsabilidade, e, eventualmente, estabelecer um senso de moral e ética. Além disso, é durante essa fase que a capacidade de simbolização começa a se desenvolver no bebê, possibilitando a formação da linguagem verbal.


A Transição para a Maturidade Emocional


A superação da angústia depressiva ocorre quando o objeto amado é introjetado de maneira estável e tranquilizadora. Isso é fundamental para que posteriormente esse bebê, agora adulto, consiga estabelecer relações interpessoais realistas, não apenas com partes que ele gosta nos outros, mas com pessoas inteiras.


A Importância da Posição Depressiva na Análise


Na situação analítica, a abordagem Kleiniana enfatiza a importância de o paciente alcançar a Posição Depressiva, especialmente quando apresenta tendências regressivas com predominância de mecanismos esquizoparanóides. O terapeuta deve avaliar se o paciente atingiu essa fase com base em diversos critérios:


✅ O paciente reconhece seu quinhão de responsabilidades e eventuais culpas?

✅ Ele concede autonomia aos seus objetos necessitados (pais, amigos, namorado(a), esposa(o)…)?

✅ Consegue suportar uma separação parcial dos objetos amados (ficar distante por um período das pessoas que ama)?

✅ O paciente realiza reparações verdadeiras (se arrepende, pede desculpas, reconhece suas falhas e muda de conduta)?

✅ Ele reconhece e expressa gratidão por aqueles que o ajudaram ou ajudam?

✅ Desenvolveu uma preocupação saudável pelo bem-estar dos outros?

✅ Adquiriu a capacidade de integrar aspectos dissociados e ambivalentes, mesmo quando contraditórios entre si (amor e ódio pela mesma pessoa, por exemplo)?

✅ Cultiva um interesse pelo conhecimento das verdades e desenvolveu a capacidade de refletir sobre as experiências emocionais?


Alcançar a Posição Depressiva na análise é um passo crucial para promover um maior amadurecimento pessoal e conquistar a capacidade de estabelecer relações interpessoais satisfatórias. Sem contar que, essa posição permite a superação de mecanismos de defesa mais primitivos, como a onipotência, onisciência, arrogância e prepotência, que são característicos da Posição Esquizoparanóide.


Conclusão


Em suma, a teoria da Posição Depressiva de Melanie Klein oferece uma visão fundamental sobre o desenvolvimento emocional na infância e a dinâmica das relações interpessoais, além de fornecer um arcabouço valioso para a prática clínica da psicanálise. A compreensão e aplicação desses conceitos podem ajudar a promover um desenvolvimento emocional saudável em adultos e crianças e, em última instância, a um amadurecimento psíquico saudável.


— Alessander Raker Stehling

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“A posição depressiva é uma fase de grande angústia, pois a criança se confronta com a realidade de que o objeto de amor é uma pessoa separada, com qualidades boas e ruins.” - Frase Melanie Klein
“A posição depressiva é uma fase de grande angústia, pois a criança se confronta com a realidade de que o objeto de amor é uma pessoa separada, com qualidades boas e ruins.” - Frase Melanie Klein
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