top of page

A Psicologia por Trás dos Nossos Julgamentos: Por que Rotulamos os Outros?

Foto do escritor: Alessander Raker StehlingAlessander Raker Stehling

Você já julgou um livro pela capa? Eu já. E, olha, depois me arrependi. Mas esta história aqui não é sobre livros.


— Ei, ei, tava aqui pensando! — disse Carol, empolgada.


— Sabe o Marquinhos, nosso amigo? Então… Ele tem 35 anos, mora com os pais, não tem um emprego fixo e passa o dia jogando videogame. Todo mundo fala que ele é um “fracassado”, que não quer nada da vida. E não conta pra ninguém, mas eu também acho isso, sabe?


Ontem, conversando com a Carol pelo WhatsApp, surgiu esse assunto. Ela mandou um áudio gigante, quase um podcast, falando com aquele tom debochado de sempre:


— Meu Deus, esse cara já era! Trinta e cinco anos nas costas e não faz nada pra sair dessa? Imagina namorar um cara desses… Credo. Deus me livre!


Eu ri e concordei, mandei até um emoji rindo. Mas, depois, comecei a ficar incomodado e arrependido.


Será que a história do Marquinhos é só isso mesmo que o povo fala? Só um cara preguiçoso que escolheu não fazer nada? Pelo que conheço dele — e olha que o conheço desde pequeno —, a coisa não é bem assim.


Julgar é fácil. A gente olha pra alguém, coloca numa caixinha e pronto: fracassado, folgado, imaturo. Parece que dá uma certa satisfação em reduzir os outros a rótulos, né? Mas sabe o que é difícil? Parar para compreender.


A verdade é que ninguém conhece as batalhas do outro. Só fazem uma análise superficial e, “puft”, tá pronto o julgamento. No caso do Marquinhos, pouca gente sabe, mas ele cresceu em uma casa onde o medo reinava. Os pais perderam um filho antes dele nascer e, desde pequeno, ele foi sufocado por uma bolha de proteção.


— Cuidado, filho, não corre! Você pode cair.

— Não mexe nisso, pode quebrar!

— Não vai pra escola hoje, tá chovendo demais.


Era sempre assim. Proteção, medo, limite.



Quando cresceu, toda decisão parecia perigosa. Quando tentou um emprego, entrou em pânico só de pensar na responsabilidade. Quando tentou um relacionamento, achava que ia dar errado... E pior que deu mesmo: ele sabotou tudo. Então, imagino que Marquinhos foi se encolhendo, se escondendo em mundos virtuais, onde não havia erro, onde dava pra recomeçar do zero quantas vezes quisesse.


Agora me diz: o Marquinhos é um fracassado? Ou é alguém que nunca aprendeu a confiar em si mesmo?


Não tô dizendo que ele não precisa mudar. Ele precisa, e muito! Mas desprezar ou ridicularizar ajuda em quê? Só afasta, só enterra ele ainda mais na própria dor.


A verdade é que a gente julga porque é mais fácil olhar para os defeitos dos outros do que para os nossos. Apontar o dedo e julgar o outro dá até um certo alívio, né? Faz a gente se sentir o corretão, o fodão. Mas, no fundo, isso só esconde nossos próprios medos, falhas e inseguranças.


Em vez de ficar rindo pelas costas, mandei outro áudio para a Carol mais cedo hoje:


— E se a gente passasse lá na casa do Marquinhos no fim de semana? Sei lá, trocar uma ideia, ver como ele tá. Talvez ele só precise de um empurrão. Posso pedir o currículo dele e ver se consigo algo na empresa onde trabalho. E você deixa um também na sua, o que acha?


Ela ficou meio surpresa e demorou para responder. Quando finalmente veio o áudio, a voz dela já não tinha aquele tom debochado de antes.


— Nossa… nunca pensei nisso. Tipo, sempre vi ele como um caso perdido, mas faz sentido o que você falou. Acho que ninguém nunca tentou entender de verdade o que aconteceu com ele.


Deu uma risada baixa, meio sem graça.


— Pior que eu mesma já travei várias vezes na vida e nunca parei pra pensar no porquê. Talvez, no fundo, eu só tenha tido mais sorte, sei lá.


Silêncio. Depois, outro áudio:


— Tá bom… Bora tentar.


E foi aí que percebi: quando a gente para de julgar os outros e começa a entender, algo muda dentro da gente também.


Se vamos ajudar o Marquinhos? Não sei. Mas sei de uma coisa: a gente nunca sabe quando pode ser o próximo a precisar de uma mão amiga.


— Alessander Raker Stehling

📚 Transforme sua vida com 3 E-books Essenciais para o seu Autoconhecimento.


☑ Aprenda Psicanálise de forma Simples e Fácil. Clique no link e conheça o nosso curso ➜ https://www.psicanalisefacil.com.br/curso-psicanalise-facil


“Fiz um esforço incessante para não ridicularizar, não lamentar, não desprezar as ações humanas, mas para compreendê-las.” Frase Baruch Spinoza
“Fiz um esforço incessante para não ridicularizar, não lamentar, não desprezar as ações humanas, mas para compreendê-las.” Frase Baruch Spinoza

Commenti


Psicanalise Fácil Branca Png.png
Logo Whatsapp

Atendimento 

Seg. a Sex.

9H às 18H

Siga Psicanálise Fácil

  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn

©2025 por Psicanálise Fácil. Todos os direitos reservados.

bottom of page