Os machos de várias espécies se exibem para as fêmeas, os homens das cavernas ostentavam suas caças e acessórios para impressionar as mulheres, já as mulheres, na revolução agrícola, exibiam a própria beleza para conquistarem os homens, que dominavam as posses de terras, bens e alimentos.
De certa forma, todos gostamos de nos exibir. Desejamos ser aceitos, na verdade, fazemos tudo para sermos aceitos. Imagine um bebezinho sendo rejeitado pela sua mãe — o que infelizmente ocorre em alguns casos —, fatalmente sua vida estará em grande risco se alguém não acolhê-lo.
Sendo assim, até certo ponto, é natural que gostemos de ser admirados e tenhamos o desejo de nos exibir. A natureza fez as coisas assim, precisamos uns dos outros para sobrevivermos, e se sou visto, as chances de que alguém venha em meu auxílio aumentam.
As grandes mídias — principalmente as sociais — exploram esse impulso narcísico humano, que consiste no hábito de nos admirarmos e no desejo de sermos admirados.
Os homens imitam seus antepassados e exibem suas “caças”; buscam mostrar principalmente o seu poder e bens — carros, casas e dinheiro. Já as mulheres, encontraram — principalmente nas mídias sociais — uma forma de sentirem o prazer da admiração; postam selfies e fotos de si mesmas. Na verdade, muitos não fazem outra coisa, a não ser se exibirem diariamente.
Hoje em dia, o prazer proveniente da admiração externa é o único foco de ambos. Obviamente isso gera um grave problema: quando elevamos a vaidade a tais alturas, não sentimos mais interesse genuíno por nenhuma outra pessoa e, assim, o amor não pode oferecer qualquer satisfação verdadeira.
Agindo conforme descrevemos acima, acabamos atrofiando a nossa capacidade de sentirmos prazer no amor, e consequentemente, substituindo-o pelo prazer de sermos admirados por todos.
Eis o “Frankenstein” que criamos, a atual sociedade das aparências, da vaidade. Neste ambiente moderno, o apoio coletivo e o amor tem pouca serventia. Melhor mesmo é tirar uma selfie do carro, ou da bunda, e deliciar-se com o prazer advindo do narcisismo inútil, mas hiperestimulado.
“Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, e o trabalho bem feito[…]” — Zygmunt Bauman
— Alessander Raker Stehling
☑ Aprenda Psicanálise de forma Simples e Fácil. Clique no link e conheça o nosso curso ➜ https://www.psicanalisefacil.com.br/curso-psicanalise-facil
Comments