Quem faz terapia sabe que olhar para si pode ser doloroso ou difícil de aceitar. Muitas vezes, descobrimos que aquilo que falamos sobre nós é uma mentira, que contamos repetidamente para não nos confrontarmos com nosso lado mais sombrio ou com as nossas inseguranças. Talvez acreditemos que somos fortes e não precisamos de ninguém, mas, no fundo, dizemos isso para não nos sentirmos vulneráveis e solitários.
Lembro-me de um paciente que atendi no estágio, que acreditava ser uma pessoa forte e independente. Ele sempre se apresentava como alguém que não precisava de ninguém, que conseguia resolver todos os seus problemas sozinho, esse era seu maior orgulho ao se comparar com os amigos e colegas. No entanto, durante a terapia, ele começou a perceber que a coisa não era bem assim. Descobriu que tinha medo de se relacionar com os outros e também tinha dificuldade em pedir ajuda, pois precisou ser forte devido ao abandono que sofreu dos pais logo cedo na vida; ele foi adotado por outra família. Ao falar sobre sua triste história, quase sempre com lágrimas nos olhos, sentia-se profundamente sozinho, rejeitado e isolado.
Veja, através desse exemplo, que encontrar a nossa verdade pode ser algo muito doloroso. A pessoa pode se sentir desamparada, envergonhada ou culpada. No entanto, é importante que ela encare essa verdade, para poder crescer e se desenvolver como pessoa.
Por isso, como bem disse Lacan, cada pessoa só consegue chegar até a verdade que é capaz de suportar emocionalmente.
Diante de tudo isso, pergunto: o que você está disposto a suportar para alcançar a sua verdade?
— Alessander Raker Stehling
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