Ah, como é bom se apaixonar! Todo início de relacionamento é maravilhoso e muito intenso: juras de amor eterno, presentes, sonhos e planos em conjunto. Porém, com o tempo as coisas esfriam, as brigas começam a ocorrer, e os desentendimentos em muitos casos levam ao término de algo que imaginávamos ser para sempre. Daí muitos se perguntam: “Onde está aquele príncipe, aquele homem sensível, forte e protetor, por quem eu me apaixonei?” “Cadê aquela mulher doce, meiga e tão prestativa que eu desejava ter por toda a vida?”
O que ocorre muitas vezes nos relacionamentos longos é a quebra de uma ilusão inicial, no fundo, a pessoa por quem você se apaixonou nunca existiu — não totalmente. Como disse Lacan: “o amor é dar o que não se tem a alguém que não o quer”. Damos, em muitos casos, uma demanda ao parceiro(a), uma falta infantil, um desejo de preenchimento que é impossível de ser realizado pelo outro.
A necessidade inconsciente, interna, de amor, proteção, carinho, atenção... grita tanto, que o sujeito passa a ver no outro uma possível solução do seu problema infantil, uma chance de se preencher daquilo que sente tanta falta. Cria-se assim um problema tremendo, uma relação baseada na idealização do outro. Ela vê nele o homem ideal, que trará a proteção que sempre sonhou ter do pai, e ele vê nela uma mãe ideal, a mulher que vai lhe apoiar em tudo e ainda cuidar da casa.
A fantasia inicial em algum momento é quebrada, e o sujeito é incapaz de lidar com a realidade. A realidade de que todos são diferentes, imperfeitos e repletos de problemas internos mal resolvidos. A realidade de que estamos desamparados: ninguém pode nos completar e preencher nosso vazio visceral. Diversos se sentem traídos e enganados, mas, no fundo, o que estes viveram foi uma projeção de um desejo profundo inconsciente, que impreterivelmente iria ruir uma hora ou outra ante a realidade.
“Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade.” – Ayn Rand.
- Alessander Raker Stehling
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