“Você precisa ser feliz sozinho para depois ser feliz com alguém”. Muitos dizem isso, mas será mesmo?
Analisemos. Somos seres carentes, desamparados desde o nascimento. Não existe na natureza ser mais social que o humano, sem o contato com outros da mesma espécie desenvolvemos problemas graves mentais, e nessa pandemia global, isso ficou bem claro.
A cientista Aimsworth e o psicólogo John Bolwby estudaram o comportamento de apego em crianças e chegaram à conclusão de que os bebês humanos estão fortemente dispostos a responderem a estímulos sociais, mesmo após poucas semanas de nascimento.
Mas o que isso tem a ver com a pergunta inicial? O que quero dizer é que, pelo que percebemos, para o ser humano, ficar sozinho, em sua própria companhia, é um desafio a mais. Contudo, isso é muito importante.
Quando passamos um tempo sozinhos — para quem nunca fez isso —, a primeira coisa que ocorre é uma profunda angústia, uma dor interna profunda. Muitos não suportam e rapidamente ligam a TV, pegam o celular, vão para um bar, dão um jeito de fugir desse incômodo, entretanto, os que conseguem suportar esse estado percebem que ele não dura para sempre. Com o tempo, a angústia diminui e passamos a “ouvir” os nossos desejos profundos. Muitos descobrem coisas que nunca sabiam sobre si, como um gosto musical peculiar ou uma habilidade pessoal desconhecida.
Quanto mais tempo a pessoa passar sozinha, sem distrações — em estado de reflexão/meditação — mais ela ouvirá suas dores e desejos internos, e mais poderá suprir a si mesma dessas faltas (sendo a maioria delas infantis). Em suma, o indivíduo em solidão terá que cuidar de si mesmo, e isso o levará a grande autoconhecimento e amadurecimento.
Agora voltemos à questão inicial. Uma pessoa, vivendo bem sozinha, estará melhor capacitada para viver a dois, pois ela terá muitas coisas boas — que ela descobriu sobre si — para compartilhar com o outro, e conseguirá suprir suas próprias demandas sem dependências.
“Paradoxalmente, ser capaz de estar sozinho é a condição para ser capaz de amar.” - Erich Fromm.
- Alessander Raker Stehling
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