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  • Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Aprenda a ver além de si mesmo: a importância da empatia

Atualizado: 8 de ago. de 2023

Era para Jonas ter acordado às 7:00, mas se esqueceu de ligar o alarme. Ele sabe que vai chegar atrasado no trabalho, e pra variar, ao olhar pela janela embaçada do quarto, percebe que tá “chovendo canivete”. É… “Hoje vai ser um dia daqueles", diz chateado, para si mesmo.


Ao pegar o celular, vê duas mensagens do Pablo, seu melhor amigo, Jonas pensa calado: “o que ele quer essa hora?” Ele está lembrando-o do casamento do Lucas, em que eles serão padrinhos. Putz, Jonas nem se recordava, mas corre, pega o terno no guarda-roupa, e começa a passá-lo enquanto toma um café gelado. “M$#%@ deixei cair café no terno, e agora? [...] O jeito é ir ao shopping depois do trabalho.” ele diz para si.


Como imaginou mais cedo, realmente, o dia não foi nada legal: seu chefe falou “poucas e boas” devido ao atraso, e ele trabalhou feito um cão, praticamente dobrado, está super cansado, estressado e com vontade de retrucar seu superior, mas “segura a onda”.


Finalmente o expediente acabou, e Jonas, em meio a um trânsito caótico, já de saco cheio, olha pro lado e vê um senhor piscando os faróis querendo lhe ultrapassar. Com muito custo ele cede um pequeno espaço, que é a conta pro carro dele passar; Jonas fica #¿$?, deseja a morte daquele “véio”, mas segue murmurando rumo ao shopping, afinal tem um compromisso urgente.


Ao chegar, corre para a primeira loja que vê na frente. “Meu Deus, que fila… aff!" fala para si. Chegando na vez de ser atendido, ele escolhe a peça e diz: “Finalmente achei o maldito terno, vou experimentá-lo”. Corre para o provador, mas se vê impedido de seguir caminho, pois logo à sua frente, um homem obeso está se apreciando diante do espelho central. Jonas sente vontade de falar que ele está parecendo uma “trouxa de roupas” vestido daquele jeito, mas acaba não cedendo. Com muito custo consegue experimentar a roupa, e apressadamente dirige-se para a fila do caixa. Vê, na boca do caixa, logo à frente, um cliente chorando e impedindo o progresso da fila. Pensa em mandá-lo para aquele lugar, mas não faz, pois está ficando tarde.


Por fim, dá tudo certo, e Jonas consegue chegar levemente atrasado no casamento do seu amigo Lucas.


Creio que tenha notado a falta de empatia e egoísmo de Jonas. Em momento algum ele se lembrou dos amigos e considerou o ponto de vista das outras pessoas. Ele pensou sempre em interesse próprio, digo, exclusivamente nele.


“Mas que absurdo viver assim, considerando-se o centro do universo.” talvez diga isso, porém, é isso o que você faz também, aliás, não apenas você, mas todos nós.


Quer um exemplo? Tenho vários. Você pensa apenas em si quando tem um dia ruim e desconta no outro. Liga o som do carro e escuta apenas suas músicas sem considerar os demais. Quando buzina estridentemente na rua. É egoísta quando não lava seu prato e talheres na hora do almoço. Ao chamar a namorada para ir ao rock e não levá-la ao pagode, que é onde ela gosta de ir. Quando convida o marido para ir ao cinema assistir ao filme que você quer, sem considerar o filme que ele quer. Pensa apenas em si quando fica se exibindo nas mídias sociais. […]


Qual o problema nisso? Afinal todos nós fazemos, não é mesmo?! Não estou aqui te dando uma lição de moral, eu concordo, somos todos egoístas. Essa é a nossa configuração padrão; mas existem outras formas de enxergarmos a vida além dos nossos próprios interesses.


No conto anterior, o homem que estava piscando os faróis, o que ultrapassou Jonas na rodovia, estava levando seu filho com leucemia às pressas ao hospital. O jovem gordo que estava se olhando no espelho, sofreu bullying a vida toda, e pela primeira vez na vida sentiu-se bonito ao ver-se bem-vestido. Já o homem que estava chorando na boca do caixa, havia acabado de perder o pai, ele estava comprando um terno para vesti-lo antes do seu enterro.


Triste não é?! Contudo, essas coisas ocorrem o tempo todo, mas, assim como o Jonas, damos pouca atenção, ou nenhuma, ao universo dos outros. Estamos sempre focados no “próprio umbigo”.


Aceitar o padrão é automático, inconsciente; difícil mesmo é ser consciente, é perceber que dependemos uns dos outros, e que o universo não gira em torno de nós.


“Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber.” — Albert Einstein


- Alessander Raker Stehling

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O Egoísta - Alessander Raker Stehling
O Egoísta - Alessander Raker Stehling
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