Você já teve aquele momento na vida em que percebe que precisa sair da sua zona de conforto para crescer? Eu tive. E foi a decisão de morar sozinho que me colocou cara a cara com meus maiores medos e, curiosamente, com os maiores aprendizados da minha vida.
Há seis anos, decidi que era hora de morar sozinho. Até então, vivia com meu pai e, embora fosse confortável, senti que precisava dessa experiência para crescer. Quando contei a ele, vi em seus olhos um misto de tristeza e confusão. Peguei em suas mãos e disse, de todo o coração:
— Pai, você é o melhor pai do mundo. Estou indo morar sozinho porque preciso disso para mim, mas não tem nada a ver com o senhor. Tenho muito orgulho de ti e continuarei sendo seu filho. Vou te ligar sempre e visitar regularmente. Fique tranquilo. Amo você.
Nos abraçamos e choramos juntos. Foi um momento doloroso, mas necessário. E assim, parti para minha nova jornada.
Encontrei uma casa para alugar na OLX, fiz a visita e gostei. Era um espacinho aconchegante. Comprei item por item — tudo parcelado, é claro: geladeira, micro-ondas, máquina de lavar, sofá. A cama trouxe de casa. Era um passo de cada vez, e eu estava empolgado, mas também nervoso.
Quando as primeiras noites sozinhas chegaram, a realidade bateu. Sentado no sofá que eu mal havia pago, ficava imaginando: e se eu perder o emprego? Como vou pagar essas dívidas? Como vou cozinhar ou limpar a casa direito? Eu sabia o básico, mas será que era suficiente? Além disso, havia uma solidão absurda. Nunca em toda a minha vida havia me sentido tão sozinho — foi desafiador.
Uma noite, acordei de repente, no escuro, com o peito apertado e falta de ar. Não sabia o que estava acontecendo. Depois, entendi que era uma crise de ansiedade. Foi desesperador, uma sensação de desamparo como nunca tinha sentido antes.
Fiquei preocupado. Não podia viver assim. Minha mente parecia minha maior inimiga, sabotando meus dias e minhas noites. Eu já fazia terapia na época, e meu terapeuta sugeriu algumas estratégias. Comecei a ouvir música clássica, e isso ajudou a organizar um pouco o caos dentro de mim. Depois, me aventurei na meditação guiada. Não foi fácil no começo, mas, aos poucos, aprender a focar na respiração e a observar meus pensamentos me aliviou bastante. Por fim, comecei a ler sobre o estoicismo. Frases como: “Você tem poder sobre sua mente — não sobre eventos externos.” (Marco Aurélio) me deram ânimo para enfrentar os desafios do dia a dia.
Com o tempo, fui percebendo mudanças. Minha mente, que antes parecia um campo de batalha, começou a se organizar. Era como se eu estivesse cultivando um jardim, podando o excesso e deixando espaço para crescerem pensamentos mais saudáveis e produtivos. Aprendi a “esfriar a cabeça” e a não deixar as preocupações me tirarem a paz.
Estar sozinho, sem ninguém para recorrer em busca de ajuda imediata, me forçou a transformar minha mente em aliada. Ou trabalhávamos juntos, ou eu iria surtar — e, sinceramente, eu não queria isso.
Aprendi que, quando acalmamos a mente, ela nos oferece clareza e uma ajuda absurda. Que a maior dificuldade em morar sozinho não é apenas financeira — embora isso seja desafiador —, mas está profundamente ligada à inteligência emocional. E que a solidão, embora “casca-grossa”, é um grande mestre — porque é nela que nos encontramos de verdade.
Hoje, olho para trás e vejo que morar sozinho foi mais do que uma decisão prática; foi um caminho para me conhecer melhor, amadurecer e construir a vida que tenho agora. E, se pudesse deixar um conselho, seria este: cultive sua mente como quem cuida de um jardim. Ordene seus pensamentos, porque, no fim, como disse o imperador Marco Aurélio: “A nossa vida é aquilo que os nossos pensamentos fizerem dela”.
— Alessander Raker Stehling
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