Há mais de 2 milhões de anos os seres humanos saiam para caçar animais selvagens, coletar raízes e frutas silvestres. Podemos imaginar o cenário de caça: homens vestidos rudimentarmente, sem proteção alguma, indo enfrentar animais gigantes e ferozes. O medo era altíssimo. Neste cenário, o apoio coletivo era fundamental, a vida de cada um importava. Uns, confiavam plenamente nos outros, o poder estava no grupo, e do coletivo as suas vidas dependiam.
As relações humanas se mantiveram assim até o surgimento da agricultura, o período que chamamos de revolução agrícola (neolítica), foi nesta época que os fortes laços de fraternidade entre os seres humanos começaram a se dissolver. A partir deste período o homem começou a tomar posses — mulheres, terras, filhos, animais —, a focar no próprio terreno e plantação, preocupando-se, sobretudo, com suas propriedades.
Esse período — revolução neolítica — começou há apenas 11.500 anos, mas trouxe uma mudança profunda nas relações humanas. Antes, o foco era o grupo, como descrito acima. Depois, o foco começou gradualmente a se assentar nos indivíduos, desta forma alguns começaram a se destacar, e tivemos grandes avanços individuais em todas as áreas — artes, música, literatura, ciências, etc.
No entanto, para mantermos essa nova estrutura — posses — tivemos que criar leis, estabelecer autoridades — reis, juízes, exércitos —, e criar um sistema de trocas, que acabou levando-nos à invenção do dinheiro.
Com o tempo essas autoridades começaram a perceber quão bom era ter poder e dinheiro — a vida tornava-se extremamente mais fácil e prazerosa —, e começaram a criar formas de se manterem no poder, o que culminou no individualismo moderno.
Voltemos aos primórdios humanos. Quando o poder estava centrado no grupo, as decisões visavam proteger seus membros coletivamente; posteriormente esse poder foi entregue aos governantes, que a princípio começaram a legislar para o bem de todos, entretanto, estes com o tempo começaram a ser corrompidos pelas “deliciosas” oportunidades que o poder traz. As autoridades pouco a pouco começaram a utilizar esse poder em favor próprio.
Já em nossos dias, as principais ferramentas que os poderosos utilizam para manterem-se no poder são a polarização e o individualismo, afinal de contas, pessoas divididas e focadas apenas em si não tem força para questionar a autoridade de poucos ou destituí-los de suas posições.
A maioria das pessoas não percebe que: quanto mais divididos e isolados estivermos, quanto mais confinados em nossas próprias ilhas nos mantivermos, mais escravizados seremos, e mais poder estaremos entregando àqueles que estão apenas preocupados consigo mesmos.
— Alessander Raker Stehling
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