“Sentir-se em segurança com outras pessoas talvez seja o aspecto mais importante para a saúde mental; conexões seguras são fundamentais para vidas satisfatórias e plenas de sentido.” Essa frase é do psiquiatra Dr. Bessel Van Der Kolk, que desde 1970 estuda os traumas e a saúde mental humana.
Estava refletindo na frase acima, especificamente em dois elementos dela “CONEXÕES SEGURAS” e analisei esse conceito em nosso contexto social, a vida pós-moderna. Acompanhe comigo.
Vivemos em tempos onde nada se fixa, como diria o grande sociólogo Zygmunt Bauman “Vivemos em tempos líquidos. Nada é feito para durar.” O mundo pós-moderno é voltado para o consumo rápido e descarte, centrado na superficialidade.
Consome-se e troca-se tudo rapidamente, celulares, fast-food, pessoas, não há tempo para maturação, para reflexões, para falhas, tudo tem que estar perfeito como na foto.
A velocidade e o slogan capitalista “tempo é dinheiro” fundiu-se de tal forma no ser humano, que a vasta maioria quer apenas o próprio ganho, e de preferência logo de cara. “Rápido, rápido, não tenho tempo a perder.” “Bi-biiiiiii, sai da frente, seu lerdo.” “A fila não anda, ela voa”, é o pensamento de muitos.
Vivemos em tempos onde o narcisismo impera, a maioria busca apenas o prazer próprio, a diversão. O outro é um objeto para satisfação própria, não há espaço para intimidade. Ela mal se estabelece e logo há necessidade de trocar de assunto, de trabalho, de relacionamento, de família.
E onde entra a reflexão sobre a frase do Dr. Bessel citada mais acima? O que ocorre é o seguinte: para termos saúde mental e satisfação na vida, precisamos ter “conexões seguras”, ou seja, ter (e ser) ao lado pessoas com quem possamos contar, que não vão nos abandonar quando as coisas estiverem difíceis. Pessoas dispostas a se relacionarem conosco não apenas nos bons momentos, mas que nos acolham no medo, na doença, no surto, no pranto, na dor.
Se precisamos de conexões seguras para termos saúde mental e satisfação na vida, então o prognóstico é grave, gravíssimo, e só posso prever um futuro sombrio, doentio, com relações cada vez mais empobrecidas e pessoas cada vez mais infelizes.
- Alessander Raker Stehling
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