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  • Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Conto de Fadas vs Tragédia Grega: A Jornada da Maturidade Emocional

Lendo alguns textos de Freud, Melanie Klein e Winnicott, percebi um dos maiores atributos que um ser humano pode conquistar: a capacidade de suportar a realidade, ou seja, a frustração e, com isso, aceitar a perda ou o adiamento da satisfação de seus desejos. Para explicar isso de forma mais didática, quero trazer como analogia o conto de fadas e a tragédia grega. Vem comigo.


No início de nossas vidas estamos mais próximos de um conto de fadas. Nele encontramos o princípio do prazer: a busca incessante por satisfação imediata e felicidade plena. As histórias nesses contos são recheadas de magia, amores eternos e finais felizes. Desde crianças, somos alimentados com essas narrativas, onde o bem sempre triunfa sobre o mal e os obstáculos são superados com facilidade. Essas histórias nos dão esperança e nos ajudam a sonhar, criando um refúgio seguro onde a dor e a frustração são apenas meros desafios temporários a serem superados com um pouco de coragem e vontade.


Por outro lado, a partir do momento que vamos crescendo (psicologicamente falando) percebemos que a vida não é tão colorida e “bonitinha” como imaginávamos, ela está mais para uma tragédia grega. Nesse viés temos o princípio de realidade: a vida como ela é, com todos os seus altos e baixos, suas dores e alegrias. Nas tragédias gregas, os heróis enfrentam desafios inevitáveis, muitas vezes marcados por sofrimentos insuperáveis e consequências trágicas de suas próprias ações ou do destino. Essas histórias nos mostram a complexidade da condição humana, onde nem sempre há um final feliz — se é que algum final na realidade é feliz — e onde a felicidade é frequentemente uma conquista efêmera, sempre à mercê dos caprichos das contingências.


Me liguei que, um dos principais papeis do terapeuta é ajudar o paciente a transitar da fantasia do conto de fadas para a realidade da tragédia grega. Isso não significa roubar a esperança ou o sonho, mas sim preparar o indivíduo para lidar com as inevitáveis frustrações e perdas que a vida trará — e olha que não são poucas. Ao aceitar que a vida está mais para tragédia grega do que conto de fadas, o paciente desenvolve resiliência, aprendendo a valorizar os momentos de felicidade e a encontrar significado até mesmo na desgraça.


Essa transição é essencial para a maturidade emocional. Quando conseguimos entender que a vida é composta por uma mistura de ambos — o encanto do conto de fadas e a crueza da tragédia grega — estamos mais bem equipados para enfrentar os desafios do cotidiano. A aceitação da realidade, com todas as suas dificuldades, nos permite viver de forma mais plena, encontrando beleza nas pequenas conquistas e força nas tribulações.


Assim, o trabalho terapêutico não é sobre abandonar os sonhos, que, no fundo, são deliciosos e importantes para todos nós, mas sobre fortalecer o indivíduo para que ele possa sonhar com os pés no chão. Afinal, aceitar a realidade é entender que, diferentemente dos contos de fadas, a vida não termina com “e viveram felizes para sempre”, mas sim com “e viveram, enfrentando desafios, ganhando, perdendo, crescendo e encontrando momentos de felicidade e tristeza até morrerem. Fim!”


— Alessander Raker Stehling

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O papel do terapeuta é ajudar o paciente a aceitar que a vida está mais para tragédia grega do que conto de fadas. Frase Alessander Raker Stehling
O papel do terapeuta é ajudar o paciente a aceitar que a vida está mais para tragédia grega do que conto de fadas. Frases Alessander Raker Stehling

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