Às 22h meu telefone tocou, era o Vitor, meu amigo de infância ligando: “Oi Alê, tá podendo falar?”, ele me perguntou com uma voz baixa e trêmula. “Estou sim Vitinho, aconteceu algo?”, perguntei. “Pode me buscar aqui na empresa, é que não tô passando bem”, disse ele. “Claro”, falei. Peguei um Uber e corri para lá; confesso que fiquei bastante preocupado.
Chegando na empresa, ele já estava mais calmo, me disse que tivera um surto e que ficou muito ansioso, suando frio e com medo extremo. Entrei no carro dele e o levei embora para casa. Durante o trajeto ele me disse ser uma "crise de burnout”, eu nunca tinha ouvido falar disso, mas ele me explicou: “Alê, o burnout é um esgotamento mental e físico, você perde suas forças, às vezes surta, apaga, ou fica hiper desanimado.” “Mas como que isso ocorre Vitinho, fiquei preocupado contigo mano”, comentei com ele. “Isso normalmente ocorre por excesso de trabalho, estresse, falta de descanso, um monte de coisa misturada cara”, ele me disse e continuou: “no meu caso, creio ser excesso de trabalho e estresse; um colega se demitiu e minha carteira de clientes praticamente dobrou. Não sei como vou gerenciar tudo isso. Na verdade, não tô sabendo gerenciar nem minha vida, não tenho um dia de paz”, desabafou ele.
Chegando a sua casa, ele foi logo pegando duas latinhas de cerveja e ficou reclamando do seu trabalho, do chefe e da vida. Saí de lá eram quase quatro da manhã e neste dia tomamos várias cervejas. Fiquei sinceramente preocupado com a quantidade de cervejas que ele estava descendo na mesa, mas resolvi não falar nada, já que, nitidamente, ele não estava bem.
Antes de me despedir, pedi a ele que procurasse um médico e descansasse, mas ele logo falou: “cara, não posso, é trabalho demais e tenho medo de pegar um atestado e perder meu emprego, você sabe, os tempos tão difíceis, daqui a pouco tenho que ligar pros clientes, e voltar pro meu trabalho fingindo que nada aconteceu e que tá tudo bem. Eu não sei o que fazer, e pra ser honesto, não há nada que eu possa fazer, preciso dar conta disso tudo.”
Meu Uber havia chegado, e voltei para casa me sentindo com as “mãos e pés atados”. Eu sinceramente, não sabia o que fazer.
— Alessander Raker Stehling
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