Anita Moorjani, com seus 61 anos, hoje vive cheia de vida, curada de um câncer… mas o caminho até aqui foi duro. Aos 43 anos, recebeu um diagnóstico de linfoma metastático, considerado terminal. O prognóstico era sombrio. “Minha personalidade era de um jeito que precisei de algo tão drástico quanto o câncer para me dar motivo para cuidar de mim mesma”, conta ela em sua autobiografia.
O que poderia levar alguém a tal ponto? Talvez você se pergunte como era a personalidade de Moorjani antes de desenvolver o câncer. Ela mesma responde: “Tinha medo de decepcionar os outros. Eu vivia tentando agradar. Me perdia tentando satisfazer os outros e fui ficando esgotada. Eu não conseguia dizer não; era sempre a salvadora da pátria, a que estava a postos para ajudar qualquer um. Nem quando tive câncer aprendi que estava tudo bem ser eu mesma. Para ver isso, precisei entrar em coma.”
Essas palavras, profundamente tocantes e tristes, nos revelam uma realidade dura e comum. Quantas pessoas, como Moorjani, vivem tentando desempenhar papéis que não lhes pertencem? Quantas vezes negamos a nós mesmos por medo de decepcionar? A necessidade de sermos aceitos, de não causar conflito, de não desapontar — nos faz silenciar nossos verdadeiros desejos e necessidades.
É como se o mundo nos ensinasse que, para merecermos amor, aceitação ou sucesso, precisássemos ser algo diferente de quem realmente somos. Vivemos com a obrigação de agradar ao chefe, de manter uma imagem social, de satisfazer expectativas que nem sempre refletem nossos anseios. Vamos nos negligenciando aos poucos, reprimindo nossas emoções, sufocando quem somos de verdade. E esse peso vai se acumulando, como uma pressão interna que um dia pode explodir em forma de doença, exaustão ou profunda insatisfação.
A repressão emocional — o constante ato de sufocar o que sentimos e pensamos — é uma violência sutil, que corrói a alma pouco a pouco. O medo de dizer “não”, o receio de ser visto como egoísta ou inadequado, nos leva a negar nossas próprias necessidades em nome de um ideal de perfeição que só existe na nossa cabeça. Vivemos nos moldando para caber nos papéis que a sociedade, o trabalho ou até mesmo a família espera de nós.
Mas a que custo?
Moorjani precisou enfrentar o limite entre a vida e a morte para aprender algo simples, mas que muitos de nós esquecemos: está tudo bem ser você. Está tudo bem dizer “não”, priorizar-se, cuidar de si antes de tentar salvar os outros. Não precisamos de uma tragédia para entender que a verdadeira saúde está em sermos autênticos — em nos aceitarmos exatamente como somos, com nossos limites, desejos e imperfeições.
Entendo que sermos nós mesmos não é tão simples assim. Muitas vezes, a vida em sociedade nos obriga a agir de forma contrária ao que somos. Fazemos concessões para não perder o emprego, para manter relacionamentos, para sermos aceitos socialmente. E, claro, isso é parte da vida. Mas até que ponto podemos nos dobrar sem nos quebrar? Até que ponto essa constante negação de nós mesmos nos empurra para longe de nossa essência?
Talvez seja hora de refletirmos sobre isso antes que a vida nos imponha uma lição drástica. Cuidar de si não é egoísmo; é necessidade. Não precisamos chegar ao fundo do poço para aprender que merecemos amor, respeito e autocuidado. Moorjani nos mostrou que, ao final, é o amor por nós mesmos que nos mantém vivos, inteiros e capazes de enfrentar qualquer desafio.
Então, por que esperar? Que tal começar a se amar mais hoje?
— Alessander Raker Stehling
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