Todos os anos milhares de crianças ao redor do globo são agredidas, abandonadas e violentadas. Essa marca interior profunda permanece por toda a vida.
Já adultas, muitas destas crianças — decididas a manter o controle — evitarão tudo o que lembre, mesmo que vagamente, o próprio trauma. Outras alternarão entre timidez e nervosismo, ou entre tranquilidade e explosão, sem saber o porquê.
Talvez você também tenha traumas, segredos profundos que não conta para ninguém, e quem sabe pense que é capaz de controlar o sofrimento, o terror, ou a vergonha mantendo o silêncio. Contudo, a fisiologia humana não funciona assim.
Enquanto mantiver seus traumas em segredo e reprimir informações, você estará, basicamente, em guerra consigo mesmo. Esconder os sentimentos mais profundos consome uma tremenda energia, exaure sua motivação para buscar metas e realizar tarefas, além de provocar sensações de cansaço psicológico e bloqueio criativo. Ao mesmo tempo que hormônios do estresse deságuam em seu corpo, provocando dores de cabeça, musculares, problemas intestinais e sexuais — além de te levar a comportamentos irracionais que talvez venham lhe causar embaraço e magoar pessoas.
É preciso falar sobre o que lhe ocorreu. Sentir-se compreendido e ouvido muda toda a sua fisiologia; elaborar mentalmente um sentimento e tê-los acolhidos desperta um senso interno de segurança, paz, e cria um momento de vitória que traz luz sobre as trevas interiores.
Só depois de identificar a fonte de suas reações e falar abertamente sobre elas — de preferência com um terapeuta profissional — é que você conseguirá encontrar paz em si mesmo. Como disse o psiquiatra John Bowlby: “O que não pode ser dito ao outro, não pode ser dito a si mesmo.”
- Alessander Raker Stehling
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