“Pense positivo.”, “Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim.”, “Poderia ser pior.” “Se eu consegui, você também consegue.” “Só depende de você ser feliz.” Não sei qual dessas frases é pior, porém elas refletem algo comum em nossos dias, a cultura do positivismo tóxico.
Positivismo tóxico é o mantra de nossa era, obcecada pela ideia de felicidade constante e realização plena. É a crença — idiota — de que qualquer problema pode ser superado com um sorriso no rosto e uma atitude positiva. Entretanto, por trás disso temos uma pressão constante para esconder nossos verdadeiros sentimentos e sufocar nossas dores sob um véu de positividade forçada.
Essa mentalidade, enraizada na cultura do “pensamento positivo”, nos leva a acreditar que a felicidade é uma obrigação, um estado que devemos alcançar a todo custo. Mas, conforme Freud apontou, a felicidade genuína é algo efêmero, um fenômeno episódico, que não ocorre o tempo todo e nem dura muito.
O problema é que quando nos forçamos a adotar uma mentalidade constantemente otimista, estamos negando a complexidade da experiência humana. Estamos ignorando nossas frustrações, tristezas e medos, relegando tais experiências ao limbo e minimizando a importância delas em nossa vida. Estamos, essencialmente, reprimindo nossas próprias emoções em busca de uma ilusão de felicidade incessante.
O problema do positivismo tóxico é que ele nos impede de lidar de forma saudável com as adversidades da vida. Em vez de reconhecer e enfrentar nossos problemas de frente, preferimos varrê-los para debaixo do tapete, esperando que desapareçam magicamente. Mas, como qualquer pessoa que já tentou esconder a sujeira embaixo do tapete sabe, eventualmente ela se acumula e se torna impossível de ignorar.
Além disso, essa busca incessante pela felicidade pode nos levar a uma constante sensação de insatisfação. Nunca estamos satisfeitos, porque estamos sempre perseguindo um ideal inatingível de felicidade total. Cada pequeno contratempo se torna uma grande decepção, cada momento de tristeza se transforma em uma falha pessoal.
Eh, pensando bem, talvez essa mentalidade positivista funcione lindamente, para coaches e vendedores de livros de autoajuda, porém para a grande maioria, é nítido que um sorriso forçado no rosto não resolve os problemas reais do dia a dia.
Enfim, está na hora de reconhecermos a validade de todas as nossas emoções, não apenas as positivas. Precisamos aprender a lidar com as adversidades de maneira saudável, sem nos esconder atrás de um falso otimismo. É hora de aceitar que a felicidade não é constante e que está tudo bem não estar sempre bem. Só assim podemos verdadeiramente buscar um equilíbrio emocional e uma vida mais honesta.
— Alessander Raker Stehling
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