Já sentiu aquele cansaço que nem oito horas de sono resolvem? Aquele desânimo em que você só quer se enfiar debaixo das cobertas, ignorar o mundo e deixar os compromissos de lado? Pois é, mesmo quando estamos fisicamente bem, muitas vezes nossa disposição está zerada. É como se algo invisível drenasse nossas forças, deixando um cansaço mental tão profundo que nem as coisas que antes nos davam prazer funcionam mais.
Claro, o mundo moderno tem sua parcela de culpa. O celular, que era pra facilitar a vida, por exemplo, nos sobrecarrega com um infinito festival de notificações — grupo da família, promoções, redes sociais, e um sem-fim de “urgências” que nos fazem querer jogar o aparelho na parede só para termos paz. Não à toa, muita gente vai para o campo ou busca retiros espirituais para recarregar as baterias. Isso ajuda por um tempo, mas não resolve o problema — que, nesse caso, é até impossível de resolver de vez.
Freud e outros grandes nomes, como Jung, Charcot e Janet, perceberam algo interessante: há um cansaço mental bem mais sutil e perigoso. Esse surge de um conflito interno, aquele embate que acontece quando nossos desejos secretos batem de frente com as exigências do mundo. Freud e Breuer encontraram isso no caso de Anna O. (ou Bertha Pappenheim), uma jovem que, depois de meses cuidando do pai doente, entrou num estado tão profundo de exaustão que acabou na cama, sem forças, por quatro meses. Ela queria viver, dançar, afinal, era jovem! Mas a responsabilidade a aprisionava, e os conflitos se acumulavam, criando uma tempestade emocional que a desgastou a ponto de ela não conseguir mais levantar.
Esse é o efeito de viver em guerra consigo mesmo — e, sinceramente, é uma guerra injusta. Imagine uma reunião de negócios em que você precisa agradar todo mundo, fingir interesse e ainda sorrir. O esforço de manter essa máscara, de esconder o que realmente queremos, nos faz gastar uma energia descomunal. Cada vez que negamos nossas verdadeiras vontades ou engolimos expressões emocionais, esvaziamos um pouco mais nosso estoque energético.
Imagine o tanto de energia que gastamos fingindo ser o que não somos, sorrindo quando não queremos ou negando nossos desejos e sonhos para viver conforme os outros mandam?! Não é à toa que, de vez em quando, você sente uma fadiga profunda. É o seu corpo e sua mente implorando para que você tire um tempo para ser você mesmo, sem tantas imposições, sem tanta pressão. Talvez o segredo seja escutar essa voz interna — antes que ela tenha que gritar e te derrubar na cama de vez.
— Alessander Raker Stehling
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