Freud nos ensinou que “O eu não é senhor em sua própria casa”, revelando uma verdade desconfortável: a maior parte de nossas ações, reações e escolhas é regida pelo inconsciente, enquanto nossa consciência ocupa um espaço limitado nesse vasto território psíquico. Essa ideia pode ser inquietante — como se estivéssemos à mercê de forças invisíveis que não controlamos. No entanto, existe esperança: apesar de pequena, a consciência é a única ferramenta que possuímos para iluminar o que está oculto e regular nosso comportamento.
Quantas vezes você já reagiu de forma explosiva em uma discussão com um parceiro ou amigo, apenas para depois se perguntar: “Por que eu agi assim?” Muitas dessas reações automáticas vêm de padrões inconscientes profundamente enraizados. São defesas emocionais que desenvolvemos ao longo da vida, frequentemente em resposta a situações que já não existem mais. Quando agimos com raiva repentina, sentimos ansiedade antes de uma decisão importante ou medo de fracassar, essas reações nem sempre estão ligadas ao que está ocorrendo no momento. Elas são respostas a experiências passadas, marcas que ficaram no inconsciente e que, sem reconhecimento, podem sabotar nossas relações e escolhas.
É aqui que a tomada de consciência desempenha um papel crucial. Apesar de parecer frágil e limitada, a consciência nos permite observar, refletir e, eventualmente, transformar esses padrões automáticos. Quando trazemos à luz o que estava escondido — como uma insegurança infantil projetada em um relacionamento atual ou o medo de rejeição que nos impede de tomar decisões importantes no trabalho — começamos a ter alternativas. Não estamos mais à mercê de reações impulsivas, porque podemos escolher conscientemente como agir.
Pesquisas contemporâneas em neurociência, como as de David Eagleman, mostram que uma enorme parte das nossas decisões diárias ocorre de forma inconsciente. No entanto, quando nos tornamos conscientes de nossos padrões e emoções, podemos interromper esse fluxo automático e optar por respostas mais saudáveis e adequadas. A consciência nos oferece essa chance de mudança.
Ela pode ser uma arma precária, mas é a única que temos. Sua força está justamente em nos permitir mudar a direção da nossa vida — e, principalmente, de nossas relações. A consciência nos dá a capacidade de parar, refletir antes de reagir, observar antes de julgar e corrigir nossas ações antes de repetirmos velhos padrões que podem não estar mais em sintonia com quem somos hoje. Sem essa tomada de consciência, corremos o risco de viver no piloto automático, prejudicando não só a nós mesmos, mas também aqueles ao nosso redor.
— Alessander Raker Stehling
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