Freud foi um gênio criativo. Você talvez não acredite em suas teorias — ele especulou bastante, é verdade —, mas não pode negar que o pai da psicanálise tinha uma criatividade invejável. Alguns conceitos que ele elaborou incluem: complexo de édipo, ID, EU, SUPEREU, teoria do desenvolvimento psicossexual, mecanismos de defesa, interpretação dos sonhos, teoria das pulsões… Perceba sua originalidade e criatividade, isso por si só o caracteriza como um gênio literário. No entanto, quero analisar como isso provavelmente começou, quais fatores contribuíram para a sua grandeza intelectual.
Peter Gay, historiador alemão e escritor da biografia de Freud, trouxe alguns elementos interessantes a respeito da vida deste grande talento e eu separei três.
𝟭) 𝗢𝘀 𝗽𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗙𝗿𝗲𝘂𝗱 𝘁𝗶𝗻𝗵𝗮𝗺 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗶𝗰𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗮𝗯𝘀𝗼𝗹𝘂𝘁𝗮 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗮 𝗴𝗲𝗻𝗶𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲.
Peter Gay diz que antes de Freud nascer, uma velha camponesa havia profetizado à sua mãe, feliz com o primeiro filho, que ela daria à luz um grande homem. De certa forma, a família de Freud acreditou solidamente nesta profecia — talvez por lerem muito a Torá e serem judeus. Freud, por mais cético que fosse, deixou transparecer que inconscientemente confiava nesse lisonjeiro prognóstico. Essa profecia era contada e recontada dentro de sua casa regularmente, e isso sem dúvida alimentou o seu desejo de grandeza.
𝟮) 𝗛𝗮́𝗯𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗶𝗻𝗳𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗙𝗿𝗲𝘂𝗱.
Os traços de caráter de Sigmund Freud descritos por seu biógrafo incluem: independência intelectual, raiva controlada, coragem física e respeito próprio. Ele tinha uma precoce paixão pela leitura. Peter Gay diz o seguinte sobre esse hábito do pequeno gênio: “Apenas Freud tinha para si o 'escritório' como seu domínio privado. Um aposento comprido e estreito com uma janela dando para a rua, cada vez mais abarrotado de livros, único luxo do adolescente Freud. Era onde ele estudava, dormia e muitas vezes fazia suas refeições sozinho, para não perder tempo de leitura.” Sua ânsia por conhecimento lhe ajudou a desenvolver sua mente genial.
𝟯) 𝗘𝘅𝗽𝗲𝗰𝘁𝗮𝘁𝗶𝘃𝗮 𝗱𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶́𝗹𝗶𝗮 𝗲𝗺 𝘁𝗼𝗿𝗻𝗼 𝗱𝗲 𝗙𝗿𝗲𝘂𝗱.
Freud tinha sete irmãos que moravam em sua casa: Julius, Anna, Débora, Marie, Adolfine, Pauline e Alexander. Seu pai, Jacob Freud, era um comerciante falido de lã e tecidos, subsistindo em diversos momentos do dinheiro enviado por seus dois filhos mais velhos (Emmanuel e Philippe) dos anteriores casamentos (ele foi casado três vezes e Freud é fruto do seu último casamento).
A família de Freud tinha condições humildes. Viviam de aluguel e mudando de casas regularmente. Podemos imaginar a vida sofrida dessas dez pessoas. Segundo Peter Gay, Freud era o único que tinha um quarto só para ele e todos seus irmãos acreditavam em seu futuro promissor. Imagino que Freud, por ser o mais velho e ter “dotes especiais” (segundo palavras do seu próprio pai), se cobrava muito para se tornar essa pessoa que todos apostavam que ele seria — talvez venha daí sua ansiedade extrema, a ponto dele fumar vinte charutos por dia.
Obviamente, apenas especulamos acerca da genialidade de Sigmund Freud, pois existem inúmeros outros fatores que contribuíram para que ele se tornasse a figura original que é ainda hoje.
Encerro esse post com as palavras do grande crítico literário Harold Bloom (que incluiu o pai da psicanálise entre os 26 maiores escritores literários de todos os tempos): “Freud é o mais persuasivo dos escritores discursivos modernos e é difícil de resistir quando é lido com profundidade. Ele é um retórico poderoso, um irônico sutil e provavelmente o mais fascinante de todos os escritores tendenciosos da tradição intelectual ocidental. Sua teoria da mente não apenas tem a força especulativa de um grande metafísico, como Platão, mas também tem a urgência moral do maior ensaísta, Montaigne, além de uma surpreendente eloquência shakespeariana.”
Espero que tenha curtido esse post e, se você é fã de Sigmund Freud, assim como eu, compartilhe ou marque os seus amigos neste artigo.
Um forte abraço
— Alessander Raker Stehling
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