Diante do medo e do enorme exército do imperador persa Dario III, o General Poliperconte aconselhou Alexandre Magno (Alexandre, o Grande) a aproveitar a escuridão da noite para atacar o exército inimigo. Quando, prontamente, ouviu de Alexandre: “Não me parece digno roubar vitórias. Prefiro queixar-me da sorte a envergonhar-me da vitória.”
Vivemos em tempos em que as pessoas fazem de tudo — sobretudo aqui no Brasil — para sair no lucro, para vencer, mesmo que isso implique em agir de forma desonesta, traiçoeira ou indigna. A busca incessante por vantagens pessoais, muitas vezes, resulta na degradação dos valores éticos e morais. A desonestidade, a corrupção e a traição se tornaram meios aceitáveis para se alcançar objetivos, desvalorizando a honra, o respeito e a palavra dada.
Em nossa história, temos vastos exemplos desse comportamento. Escândalos de corrupção assolam as mais altas esferas do poder, onde líderes políticos se envolvem em esquemas para desviar dinheiro público, traindo a confiança dos cidadãos. No mundo corporativo, vemos empresas adotando práticas desleais, manipulando informações, fraudando resultados financeiros para enganar investidores e consumidores, tudo em nome do lucro. Nas relações interpessoais, a traição, a mentira e a falsidade corroem amizades e relacionamentos. A situação é tão absurda que o traidor muitas vezes é glorificado e o traído ridicularizado, o que é nitidamente uma imoral inversão de valores dos nossos tempos.
Entretanto, nada disso muda a importância da honra, do respeito e da palavra. A honra não é apenas um conceito abstrato, mas sim a base de uma sociedade justa e equitativa. O respeito pelos outros e por si mesmo é fundamental para a convivência harmoniosa e para a construção de relações de confiança. As promessas, quando cumpridas, estabelecem um ambiente de previsibilidade e segurança, essencial para qualquer tipo de interação humana, seja pessoal ou profissional.
No entanto, esses valores são frequentemente ignorados em nome de ganhos rápidos e vitórias fáceis. O desprezo pela honra leva a uma sociedade onde a desconfiança prevalece, onde cada indivíduo está sempre alerta, desconfiando de tudo e todos à sua volta. Sem respeito, a dignidade humana é posta de lado, resultando em um ambiente hostil e opressor. Sem a palavra cumprida, as relações se tornam frágeis, baseadas em promessas vazias e expectativas frustradas — todos perdem.
Precisamos resgatar esses valores. A vitória alcançada de maneira honrosa tem um sabor diferente, um valor inestimável que não pode ser medido em números ou riquezas materiais. A integridade não é apenas uma virtude, mas um escudo que nos protege das tentações de atalhos imorais e nos mantém firmes em nossa dignidade. Que possamos nos inspirar nas palavras de Alexandre, o Grande, e entender que a verdadeira vitória é aquela que não nos envergonha, que nos permite caminhar de cabeça erguida, conscientes de que nosso triunfo é fruto da nossa coragem, honestidade e respeito.
Não há conquista que valha a pena se, ao alcançá-la, perdemos nossa honra. Em tempos de escuridão e dúvida, que nossa luz seja a consciência tranquila. Que nossa vitória seja digna, e que nossa palavra seja eterna.
— Alessander Raker Stehling
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