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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

O Complexo de Édipo na Infância: Como os Pais Podem Ajudar na Fase das Relações Triangulares

Atualizado: 8 de ago. de 2023

Por volta dos 3 aos 4 anos ocorre uma grande mudança na vida da criança que a atormenta muito, momento esse que Freud chamou de “Complexo de Édipo” e Winnicott de “Estágio das Relações Triangulares”. Vamos falar sobre isso agora.


A partir dos 3 anos a criança começa a perceber que a sua mãe tem outros relacionamentos, talvez com o pai, um namorado(a), ou amigos(as). Antes disso a criança achava (na fantasia) que era tudo para a mãe, especial, porém ela nota que a mãe não é exclusiva dela e sua fantasia de onipotência começa a desmoronar.


É nesse momento que as bases emocionais da criança começam a se abalar. Ela se sente excluída, ao perceber a mãe rindo, brincando e se divertindo animadamente com outras pessoas. “Poxa, minha mamãe não me ama mais? Não sou mais o príncipe dela? Ela não vai mais brincar comigo? Eu vou ficar sozinho? Ela vai me abandonar?”, diversas questões angustiantes passam na mente do infante. Surgem também diversas fantasias agressivas, de ódio e vingança para com todos os que tentam “arrancar” a mãe dela.


Ter um pai presente (não necessariamente casado ou morando com a mãe) nesse momento é muito proveitoso para a criança, pois ele poderá ajudá-la a lidar com tais sentimentos difíceis que ela começa a nutrir pela mãe. “Não minha filha, mamãe ama você, essa pessoa que você tem raiva não vai tirar a mamãe de você, eu e ela nunca vamos te abandonar, você é especial para nós.”, tal fala é capaz de tranquilizar a criança num momento de desamparo ou tristeza. Além disso, um pai, ou figura paterna, começará — nesta fase — a impor limites para os comportamentos e pensamentos destrutivos do pequenino(a).


Veja bem, esse momento — que Freud chama de Edípico — é muito difícil para criança por diversos motivos: ela percebe que não é tudo o que imaginava ser para a mãe, ela começa a sentir emoções que nunca experimentou, como ciúme, raiva mortal, ódio, medo extremo, desejo de vingança e muitas outras emoções dolorosas, ela também se sente insegura com relação ao futuro, e por fim, a imagem que ela tinha dos pais começa a se modificar, a ponto dela não saber mais como percebê-los. “Quem são meus pais? Eles me enganaram? Mentiram pra mim? Eles me amam?”, isso talvez passe na mente do menino(a).


A presença dos pais nessa fase edípica (3 aos 6 anos) traz muitas respostas e tranquilidade para a criança naturalmente desesperada. Por outro lado, a ausência dos pais nesse período poderá levá-la à edificação de organizações defensivas (mecanismos de defesa mentais contra sentimentos angustiantes).


Outros problemas que talvez ocorram devido à ausência de uma terceira pessoa na vida da criança é que ela pode ser “engolida pela mãe” ou se afastar violentamente dela. Por não ter a quem recorrer, o menino(a) viverá provavelmente grudado na mãe ou se afastará dela e se isolará em seu mundo interior. O que levará a problemas graves de personalidade na vida adulta.


A maturidade emocional dos pais, que é posta a prova nesta fase dos seus filhos, é, como diz Winnicott: “uma rocha a que ela [a criança] se pode agarrar e contra a qual pode desferir seus golpes.”


“A família é um arcabouço que fornece parte dos alicerces naturais para uma solução natural do problema das relações triangulares.” D. W. Winnicott


— Alessander Raker Stehling

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“Mesmo no meio ambiente mais satisfatório possível, a crianca tem impulsos, ideias e sonhos em que há um conflito intolerável: conflito entre o amor e ódio, entre o desejo de preservar e o desejo de destruir e, de maneira mais sofisticada, entre as posições heterossexuais e homossexuais na identificação com os pais.” Winnicott
“Mesmo no meio ambiente mais satisfatório possível, a crianca tem impulsos, ideias e sonhos em que há um conflito intolerável: conflito entre o amor e ódio, entre o desejo de preservar e o desejo de destruir e, de maneira mais sofisticada, entre as posições heterossexuais e homossexuais na identificação com os pais.” Winnicott
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