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  • Foto do escritorAlessander Raker Stehling

O contato humano é essencial para a formação do indivíduo

Esses dias estava assistindo um vídeo onde um neurocientista disse que ao nascermos somos como uma massinha de modelar, que podemos assumir diferentes “formas” e com o tempo enrijecemos em um padrão.


Já que ao surgir, a “massinha” não tem uma forma definida, é essencial que outras pessoas a modelem, assim ela vai tomando forma. A mãe imprime o seu toque e deixa na “massinha” uma marca de amor, o pai de coragem, os avós de valor e autoestima, os amigos…, os professores…, os amores…, são muitas pessoas envolvidas na construção desse indivíduo.


Então, posso dizer que sem as outras pessoas eu não seria quem sou? Exatamente, o outro cuida, nutre, ensina, ajuda, doa partes de si para nós e nos dá suporte, ajudando-nos a lidar com elementos que temos em comum, como as emoções, por exemplo. Assim foi por milhões de anos, cada um ajudando a “modelar” a “massinha” do outro, porém já há algum tempo, algo contrário a esse modelo vem surgindo.


Não podemos negar que tivemos mudanças profundas na sociedade, os modelos familiares (pai, mãe e filhos) desintegraram-se, o antigo apoio coletivo — lembro-me, bem pequeno, que os vizinhos da minha mãe levavam bolo, biscoitos, pães caseiros para ela e ela retribuía — se perdeu. Antigamente o contato era mais humano, hoje é a tecnologia que “faz” esse papel.


Ao invés de interagir com outros humanos, a criança recebe um celular e fica ali se divertindo, ao invés do passeio com amigos, o adolescente fica interagindo com “amigos” virtuais nas mídias sociais. Além destas mudanças, outras transformações ocorreram no ensino, mercado de trabalho e sociedade em geral. Somos educados a competir ferozmente, a sermos os melhores; no trabalho é praticamente cada um por si — se você pede ajuda para o colega ao lado, é ignorado, pois ele te vê como adversário. A política também nos dividiu em polos opostos e o marketing nos fez acreditar que a felicidade individual é primordial, ela deve ser buscada acima de tudo e todos.


Sinto que o antigo modelo solidário e colaborativo está se extinguindo gradativamente e, diante disso, surgem diversas questões a serem elaboradas. Se sempre precisamos do suporte de inúmeras pessoas para “moldarmos” apenas uma, como ficarão as configurações do futuro, mais empobrecidas? A tecnologia é capaz de ocupar o espaço que era anteriormente ocupado por outros seres humanos? Se não, como resgatar o calor humano perdido?


Agradeço à “tia Angela”, “tia Marcia”, Marcos, Carlos, parentes, amigos, primos, tios, tias e inúmeras outras pessoas que contribuíram em minha “modelagem”, que participaram, mesmo que indiretamente, da pessoa que eu me tornei. Não posso dizer o mesmo para alguns aparelhos eletrônicos que tive, eles me ajudaram, reconheço, mas não incisivamente.


Talvez estejamos trocando o “ouro”, que é o contato humano, pelo “barro”, proveniente da ilusão e fantasia de que somos autossuficientes sozinhos ou mais importantes que os outros. Por fim, as respostas para as questões levantadas acima talvez não tenhamos hoje, mas o futuro sem dúvida nos dirá se fizemos as melhores escolhas em nossa jornada evolutiva.


“O homem não nasce homem, torna-se homem.” — Jean-Jacques Rousseau


— Alessander Raker Stehling

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A sociedade é um organismo vivo, composto de indivíduos que se influenciam mutuamente.  É através da interação com os outros que nos tornamos seres humanos. - Émile Durkheim
A sociedade é um organismo vivo, composto de indivíduos que se influenciam mutuamente. É através da interação com os outros que nos tornamos seres humanos. - Émile Durkheim

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