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O que a psicanálise de Freud diz sobre o amor dos pais pelos filhos?

Atualizado: 8 de ago. de 2023

Por que os pais amam seus filhos? Freud explica? Sem dúvida que sim. Então, bora lá, adentrar na mente desse gênio.


É lindo vermos pais amorosos cuidando dos seus filhos. Utilizam linguajar infantil, e um jeito todo “fofinho” para lidar com o bebê. ”Olha o aviãozinho…”, “Bilu bilu bilu bilu”, “Buuuuuuuuuu”, é muito divertido e agradável. Além disso, eles são cuidadosos ao segurar os pequenos em seus braços, e têm toda a atenção voltada para estes. Os filhos normalmente estão em primeiro lugar para pais afetuosos — ainda bem, não é mesmo.


Freud, munido de sua curiosidade insaciável, foi a fundo, investigando as raízes desse amor parental (amor storge? Creio que sim). Ele disse: “Quando vemos a atitude terna de muitos pais para com seus filhos, temos de reconhecê-la como revivescências e reprodução do seu próprio narcisismo há muito abandonado.” (FREUD, Sigmund, 1914-1916: 36) Como assim, narcisismo abandonado? É fácil, deixe-me explicar.


Todos já fomos bebês, e sabemos que eles tem total foco em si, mesmo porque, precisam sobreviver, sendo assim, pensam primeiro neles mesmos; na verdade, seria melhor falarmos que eles estão programados pela natureza para buscarem a própria sobrevivência, demandando dos cuidadores tudo o que necessitam para que essa meta se concretize. Esse foco total em si, sem considerar o outro, é chamado por Freud de “narcisismo primário”. Nesta fase, o bebê vê a mãe como parte de si… “e, olhe só, muitos homens adultos veem as esposas como parte de si também, hummm, interessante…, mas isso é assunto para outro texto.” Voltemos para a discussão.


Em dado momento o bebê vê os pais como parte separada de si, com vidas e personalidades próprias. Daí ele busca agradá-los, para assegurar, através deles, a obtenção das suas necessidades, em suma: sua sobrevivência. Uma forma menos agressiva de narcisismo, que não deixa de ser egoísta também. Chamamos isso de narcisismo secundário: “designa um retorno ao eu da libido retirada dos seus investimentos objetais”(Laplanche e Pontalis, 1992: 290)


As coisas ficaram um pouco longas e confusas, e a pergunta principal não foi respondida. Afinal: Por que os pais amam seus filhos? Para Freud, os pais amam os filhos porque seus sistemas comportamentais primitivos são reativados. A mente dos pais retorna à própria infância, é como se eles, fazendo algo pelos filhos, estivessem fazendo por si mesmos. E inclusive, Freud dirá que é devido a esse retorno ao narcisismo primário (à própria infância), que os pais tendem a ver os filhos como super especiais, não atribuindo a eles nenhum defeito e nem sexualidade. Veja que, por causa desse “retorno”, a maioria dos pais diz: “Meu filho terá tudo que eu não tive, não vou deixá-lo passar pelo que passei. Farei meu melhor por ele.” Essas falas parecem amorosas, mas para Freud, como os pais se veem nos filhos, ao dizerem isso estão falando para si mesmos.


“A majestade, o bebê”, terá o melhor dos pais, mas também deverá concretizar os sonhos que estes não puderam realizar. (essa ilusão é parte essencial da natureza).


Ok, vamos resumir tudo de forma simples? Bora lá. Os pais amam os filhos porque a mente deles reativam sistemas comportamentais primitivos. É como se eles retornassem à própria infância, se vissem nos filhos, e pudessem reparar, através deles, tudo o que viveram nesta fase. Uma complexa ilusão engendrada pela natureza, que pode, inclusive, ajudar adultos que tiveram a infância destruída; em outras palavras, os filhos podem dar sentido a vida ruim dos pais.


Ambos ganham (pais e filhos), saem felizes, e a espécie sobrevive. “Isso não tem nada de fofinho e lindo”, talvez diga. É, eu sei, mas não me culpem; culpem a Freud por quebrar nossas ilusões…, enfim, os mecanismos da natureza agradecem.


— Alessander Raker Stehling

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O amor dos pais, comovente e, no fundo tão infantil, não é outra coisa senão o narcisismo dos pais renascido [...] - Sigmund Freud
O amor dos pais, comovente e, no fundo tão infantil, não é outra coisa senão o narcisismo dos pais renascido [...] - Sigmund Freud
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