Vamos imaginar uma típica briga de casal: “Ele não me ouve direito”, ela reclama e ele se defende. Temos uma insatisfação na relação, uma tensão. Ambos num cabo de guerra, tentando ter razão e “puxando a corda para si.” Ela quer atenção e ter suas emoções acolhidas. Ele quer paz e acha que discutir é perda de tempo. Ambos estão no “octógono”, o embate começou, quem vencerá?
Nestas típicas brigas de casais — e na maioria das guerras — ambos querem ter suas necessidades satisfeitas a qualquer custo. Muitas vezes brigamos por isso, porque agimos como uma criança que quer tudo para si. Mas a vida não funciona assim.
Na infância tudo bem, o bebê precisa de tudo para si, seu egoísmo é justificável, mas ao crescermos nos deparamos com a realidade. No mundo real cada um tem um desejo, mas alguns destes são conflitantes entre si. Ela quer ir para a boate dançar a noite toda, e ele quer ir pescar num lago super tranquilo...
A solução que a sociedade empurra é: “Encontre alguém igual a você”. A sua “metade da laranja”; pensam que dessa forma poderão realizar a maioria dos desejos sem problemas. É verdade que duas pessoas parecidas farão mais coisas iguais juntas. Mas onde estão essas pessoas? Quem é igual a quem?
Esperar encontrar alguém igual a si mesmo é perda de tempo e uma fantasia. Não acredito que as pessoas sejam iguais, pelo contrário, creio que todos somos bastante diferentes. Então, como resolver os conflitos do dia a dia e ter as necessidades satisfeitas?
A resposta é simples: Temos de aprender a conversar, negociar e principalmente, ouvir. Dialogar é uma arte que podemos aprender, é algo que tem valor inestimável no mundo moderno, onde temos tantas diversidades. Contudo, caminhamos para o inverso, todos são cheios de opiniões na Internet, mas poucos sabem respeitar as diferenças e ouvir o próximo. Como dizia Rubem Alves: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.”
Não é a briga que acaba com o relacionamento, mas a falta de diálogo, concessões, compreensão mútua e respeito.
- Alessander Raker Stehling
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