“Não consigo me separar dele. Rezo para pegá-lo na cama com outra mulher, só assim talvez eu consiga largá-lo.” Essas foram as palavras de Valéria — uma mulher de sucesso, empresária no ramo imobiliário, inteligente, independente, mas completamente presa a um relacionamento que há muito tempo deixou de fazer sentido. E, acredite, isso é mais comum do que parece.
Valéria estava casada há dez anos. No começo, havia paixão, risadas e planos. Com o tempo, o fogo se apagou, e a relação começou a definhar. Mas, ao invés de aceitar o fim, ela decidiu investigar. Sim, investigar. Comprou um software espião para o celular do marido, vasculhou o histórico de navegação, seguiu cada passo nas redes sociais e, claro, analisou até a cor dos fios de cabelo encontrados no sofá. Tornou-se uma verdadeira discípula de Sherlock Holmes, certa de que ele a traía — e, é claro, encontrou as “provas”.
Nas nossas sessões, Valéria falou durante meses sobre seu marido. Reclamou de sua frieza, enumerou suas traições e me mostrou uma pilha de evidências — mensagens suspeitas, horários estranhos e até fotografias duvidosas. Era evidente que ela estava sendo enganada, mas mesmo assim, Valéria não conseguia tomar uma decisão. Não precisava dele financeiramente, já que era dona de uma carreira próspera. Mas então, por que continuar? Por que aguentar a infelicidade dia após dia?
“Decisões ah, decisões…” É incrível como elas têm o poder de nos paralisar. Elas nos colocam diante da liberdade e de possibilidades infinitas, mas junto com elas vêm o medo, a insegurança e a responsabilidade de assumir nossas próprias escolhas. Valéria sabia que tinha que decidir, mas ao mesmo tempo temia o arrependimento e a solidão. Ela estava entre a cruz e a espada — sabia o que precisava ser feito, mas queria que alguém fizesse por ela.
Por diversas vezes, Valéria tentou jogar a responsabilidade para mim, perguntando sutilmente: “O que você faria se estivesse no meu lugar?” A resposta parecia clara, afinal, ela estava presa a uma relação tóxica que afetava até sua saúde mental. Mas eu não podia decidir por ela. A decisão precisava vir dela. Porque só quando escolhemos por nós mesmos — mesmo que com medo, mesmo que inseguros — é que a mudança verdadeira acontece.
Enquanto Valéria esperava que algo do lado de fora a obrigasse a agir — como um flagrante claro de traição —, sua liberdade estava presa pelo medo de tomar uma decisão por conta própria. E esse é o ponto: as escolhas que evitamos, as decisões que deixamos para amanhã, são exatamente aquelas que nos aprisionam. É quando escolhemos de verdade, assumindo as consequências, que nos libertamos. Com cada decisão vem uma nova possibilidade, uma nova chance de ser quem realmente queremos ser.
No fim, Valéria entendeu que não era sobre o marido — era sobre ela. Ela não precisava de mais provas, de um “empurrão” externo. Precisava se ver no espelho, encarar seu medo e dar o passo. E quando finalmente decidiu, as coisas mudaram. Ela reencontrou o gosto pela vida, sua ansiedade diminuiu, e seu trabalho prosperou ainda mais. Porque, no fim, quando tomamos as rédeas da nossa vida, tudo se encaixa.
E você? O que está adiando? Qual decisão importante você sabe que precisa tomar, mas fica esperando um “sinal” para agir? A escolha é sua — sempre foi.
— Alessander Raker Stehling
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