Crescer é a maior dificuldade humana.
Mas, porque crescer — psicologicamente falando — é tão difícil? Falemos sobre isso agora.
Jung cita uma força da natureza que leva os seres à diferenciação, ao desenvolvimento de uma identidade singular; ele chamou essa força de individuação.
Percebemos essa busca pela individuação nas crianças, que desejam crescer, ter a própria individualidade, o próprio dinheiro, casa, roupas, etc., contudo, ao se tornarem adultas fisicamente, a maioria destas continuarão como que fixadas mentalmente na tenra infância. Por que isso acontece?
Nosso cérebro primitivo (ID) está repleto de desejos e comportamentos padronizados. Estes possibilitaram a salvação da espécie humana no mundo. Podemos citar alguns desses impulsos: busca pelo leite materno, pela proteção dos pais, desejo de brincar na infância, de amor, de carinho, etc. Essas são algumas necessidades básicas que a natureza implantou no ser humano. Todos precisam disso para um crescimento saudável.
Esses instintos são padrões, fixos, porém a realidade é mutável, se transforma a cada instante. Neste sentido podemos dizer que nossa mente nos possibilita uma adaptação básica à vida, que não é suficiente, pois como afirmamos, a realidade está mudando a todo instante.
É papel do Ego adaptar o sujeito à realidade. Sejamos mais claros através de um exemplo: O meu cérebro primitivo (ID) busca o amor materno a todo custo. Porém, o Ego bem desenvolvido deve me ajudar a superar esse desejo e compreender que estou desamparado na vida adulta, que tenho que me virar, pois não terei a minha mãe para sempre. A realidade externa exige que eu me torne adulto e cabe ao meu Ego me ajudar a crescer e encarar esse desafio.
E é aí que mora o problema, pois o Ego não tem padrões comportamentais definidos (instintivos). Ele é construído pelo sujeito ao longo da vida. Resumindo: Não nos tornamos adultos — psicologicamente falando — com o passar dos anos, mas através da assimilação das nossas experiências, falhas, conhecimentos e estudos.
Refletindo sobre estes elementos, construímos o nosso Ego, que terá agora maior força (repertório), levando-nos a melhor adaptação à contingência — realidade mutável.
A construção do Ego é responsabilidade individual, porém isso não acontece do nada, mas exige esforço, reflexão e dedicação regulares. Entretanto, a maioria das pessoas preferirá viver utilizando apenas o seu cérebro primitivo, o qual, como observamos, apenas permitirá uma adaptação básica e insuficiente à vida. Sendo assim, as massas levarão uma vida infantil, com comportamentos desadaptativos e inadequados ante a realidade.
Concluímos, assim, que o que falta no ser humano é responsabilidade.
— Alessander Raker Stehling
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