Imagine a seguinte cena: você se senta no sofá para finalmente aproveitar o livro novinho que acabou de chegar pelos correios. Está animado, sente até o cheiro das páginas: “Que cheiro gostoso.” Mas aí pensa: “Vou só dar uma olhadinha rápida nas redes sociais, cinco minutinhos, não vai me matar.” Quando percebe, já se passaram três horas. O livro continua intocado, e você tem que ir dormir porque amanhã é dia de trabalho. Já passou por isso? Aposto que sim.
Essa atitude, que chamamos de procrastinação, é muito mais comum do que gostaríamos de admitir. Talvez você tenha prometido que 2025 seria o ano da mudança — começar a treinar, iniciar aquela dieta — mas, no fim, se pega justificando os desvios: “Ah, só um pedacinho de bolo não faz mal” ou “Amanhã eu compenso no treino.” E lá se vai mais um dia.
Freud explica a procrastinação? Com certeza. Ele diria que isso acontece porque há um conflito entre o que você deseja conscientemente (como começar a academia ou a dieta) e o que o seu inconsciente quer de verdade (como reafirmar, sem perceber, aquela crítica que seu pai fazia: “Você nunca vai mudar, é assim mesmo, gordo e preguiçoso”). Pesado, né? Mas faz sentido.
Agora, muitos psicólogos sugerem soluções práticas: divida grandes objetivos em pequenos passos, defina um tempo fixo para diversão, recompense seu progresso, visualize-se no futuro após realizar a tarefa. Tudo isso funciona? Sim, funciona. Mas, na prática, muitas vezes não resolve. E por quê? Porque a parte inconsciente — irracional, instintiva — pode ser mais forte do que nossa parte lógica e acabar nos sabotando.
Vamos falar em termos psicanalíticos, mas sem complicar muito. A sua parte racional, o Ego, quer tomar as rédeas da situação e cumprir a promessa. Só que o Id, aquela criança mimada dentro de você, quer gratificação imediata: o prazer de comer doces, de ficar no sofá, de evitar esforço. E aí vem o Superego, com a voz crítica do passado: “Você nunca vai conseguir, por que não desiste?” O resultado? Uma luta interna ferrenha e, sem consciência dessa batalha, a gente se rende. É como se o Ego levantasse a bandeira branca, deixando que as outras partes da sua psique dominem. Você se torna cativo dos seus desejos inconscientes, mesmo que eles não façam bem para você.
E é aqui que a terapia entra como um verdadeiro divisor de águas. Ela ajuda você a entender o que está por trás dessa sabotagem, a dar voz ao inconsciente e transformar os desejos ocultos. Porque, para de fato mudar, não basta só se organizar ou assistir vídeos motivacionais — é preciso encarar esses conflitos internos, entender de onde vêm as vozes que nos travam e aprender a negociar com elas.
Então, da próxima vez que você perceber que está procrastinando, não se culpe. Em vez disso, pergunte-se: “O que está acontecendo dentro de mim? Por que estou evitando isso?” E, se precisar de ajuda para resolver essa batalha, procure a terapia. Porque, acredite, entender a si mesmo é a chave para parar de postergar e finalmente alcançar seus objetivos.
— Alessander Raker Stehling
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