Chegou o momento tão aguardado de nascermos, de estrearmos no mundo. Gritamos, choramos alto: “BUÉEEEEE”, anunciamos nossa chegada. Imediatamente alguém nos pega, nos limpa e nos entrega à nossa mãe. Ela, com um olhar de carinho e ternura nos acolhe, nos coloca sobre a barriga, sentimos o seu corpo e braços quentinhos. Somos alimentados e nos apegamos dia após dia a esse anjo tão especial.
Isso seria um sonho, mas infelizmente as coisas nem sempre ocorrem desta forma. É verdade que a criança nasce com o instinto biológico de se apegar, mas ela não escolhe a própria família. Sejam os seus pais carinhosos e atenciosos, ou distantes, insensíveis, inclinados aos maus-tratos e ao abandono, ela tentará se adaptar e se desenvolver buscando a sobrevivência e o prazer.
Crianças que tem a sorte de nascerem em lares acolhedores, seguros, conseguem se aventurar no mundo e explorá-lo com um olhar de curiosidade, solicitude, e solidariedade. Por terem um porto seguro, elas aprendem — por imitação dos pais — a cuidarem de si mesmas física e emocionalmente. Estas têm autoconfiança, autoconsciência, empatia, automotivação e conseguem regular seus próprios impulsos. Crianças cujos pais são fontes confiáveis de bem-estar e resiliência, têm uma vantagem para toda a vida — uma espécie de amortecedor, que suaviza os impactos que o mundo possa lhes infligir.
Por outro lado, crianças vítimas de maus-tratos, negligências ou abusos, estão sempre na defensiva, esperando o pior e reagindo ao menor sinal negativo vindo dos outros. Elas não olham para o mundo com curiosidade e solidariedade, na verdade, aprenderam a ficarem atentas, com medo, esperando o pior, pois foi isso que receberam dos seus pais. Tendem a passar muito tempo sozinhas na vida adulta, são desconfiadas e tem enormes dificuldades para criarem, manterem relações interpessoais, e em desenvolver autorregulação emocional. Lamentavelmente, muitas dessas não conseguem estabelecer um senso de identidade e sentem-se sem lugar na vasta comunidade de seres humanos.
O fato é que: “O domínio na arte da vida está intimamente ligado à base construída em nossas primeiras relações com os nossos cuidadores.”
- Alessander Raker Stehling
☑ Aprenda Psicanálise de forma Simples e Fácil. Clique no link e conheça o nosso curso ➜ https://www.psicanalisefacil.com.br/curso-psicanalise-facil
Comments