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Relacionamentos Abusivos: Por Que é Tão Difícil Sair? Veja os Sinais!

Foto do escritor: Alessander Raker StehlingAlessander Raker Stehling

Laysa sentiu o coração apertar ao ouvir Rafael, Poliana e Bruna implorarem para que pegasse o essencial e fugisse para a casa da irmã.


— Você tá correndo perigo, faça isso, por favor.


Ela mordeu os lábios e apertou as mãos. Não era a primeira vez que ouvia aquilo. Mas, apesar de tudo, não conseguia acreditar que Antônio era tão ruim assim. Ele era agressivo, traidor, viciado... sim, ela sabia. Mas também conhecia o homem que ele havia sido, o jeito como a fazia rir, as cartas que escrevia e as promessas de que um dia seriam felizes.


Laysa respirou fundo.


— Não posso ir. Eu amo muito o Antônio e acredito que ele possa mudar. Eu vou rezar, pedir a Deus…


Rafael e Poliana se olharam e falaram quase ao mesmo tempo:


— Laysa… ele não vai mudar.


Laysa estava confusa. Como saber? Como largar anos de história, um casamento, os sonhos construídos?


Naquela noite, quando voltou para casa, Antônio já estava lá. O cheiro de bebida no ar, um copo de uísque barato na mesa e os olhos vermelhos de raiva.


— Onde você tava?


— Com a Poliana e o pessoal.


— Mentira. Tá achando que eu sou otário?


Ele se aproximou — hálito quente, carregado de álcool e ciúmes. Laysa gelou. Ele costumava agir assim, mas algo estava diferente. O olhar estava distante, mais vazio. O tom, mais frio.


— Antônio, eu só fui…


Ele não a deixou terminar. A primeira coisa que ela sentiu foi a mão dele empurrando seu ombro. “TUM!”. Um baque contra a parede.



— Você acha que eu não sei o que tão dizendo pra você? Que eu sou um monstro? Que você tem que fugir? Não é isso? Fala!


Laysa tentou se explicar, mas a mão dele veio de novo, dessa vez segurando seu pescoço com força.


— Você nunca vai sair daqui. Entendeu? Nunca!


Foi naquele instante, vendo o rosto dele tão próximo, sentindo sua mão apertando sua garganta e a respiração quente e descontrolada, que algo se quebrou dentro dela. Não era mais o Antônio por quem havia se apaixonado. O encanto desapareceu. A admiração, que já quase não existia, sumiu de vez.


Ela, num déjà-vu, relembrou o que seus amigos disseram.


— Laysa… ele não vai mudar.


A ficha caiu como um raio. Um filme passou em sua cabeça: todos os anos de desculpas, as noites chorando, os pedidos de perdão vazios, as traições, as ameaças, os tapas e empurrões que fingia não serem tão graves.


No fundo, ela sabia. Sempre soube. Só não queria aceitar.


Naquela madrugada, quando Antônio finalmente desmaiou bêbado no sofá, ela pegou a mochila e enfiou dentro o que conseguiu. Roupas, documentos, o celular.


Com os dedos trêmulos, levou a mão à aliança. Ela parecia pesar toneladas. Fechou os olhos por um instante, sentindo o frio do metal contra a pele. Quantas vezes havia olhado para aquele anel e pensado que significava amor?


Respirou fundo. Com um movimento firme, deslizou a aliança pelo dedo e a colocou sobre a mesa de centro. Não havia mais volta.


Saiu de casa com os pés tremendo. Trancou a porta devagar, sem fazer barulho, e correu para o Uber, que havia chamado ao ir ao banheiro.


Abriu a porta e entrou apressada. O motorista, um homem de meia-idade, sentiu algo estranho.


— Tá tudo bem, moça?


Laysa engoliu seco. Não sabia o que dizer.


— Só dirige, por favor.


O carro arrancou. Ela apoiou a cabeça na janela e pegou o celular. As mãos ainda tremiam ao deslizar a tela até o nome da irmã. Apertou o botão para ligar.


— Laysa? — A voz da irmã veio sonolenta, mas logo despertou ao ouvir o choro contido do outro lado da linha. — O que aconteceu?


— Eu saí. Eu saí de casa, irmã… eu consegui.


Houve um instante de silêncio. Então, um suspiro de alívio do outro lado da linha.


— Vem pra cá. Agora.


As luzes da cidade passavam rápidas pela janela do carro, e a ficha ia caindo a cada metro de distância daquela casa.


Naquela noite, Laysa fugiu. Mas, mais do que isso, naquela noite, Laysa renasceu.


— Alessander Raker Stehling

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“Ser inteiramente honesto consigo mesmo é um bom exercício.” Frase Freud
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