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  • Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Sentimento de Culpa? Freud Explica! Como o Superego Pode Estar Sabotando Sua Vida

Tenho um amigo que está sempre pedindo desculpas, mesmo quando a culpa nem é dele. Parece algo automático, sabe? Ontem fui visitá-lo, passamos uma noite ótima, e na hora de ir embora ele solta: “Me desculpa qualquer coisa.” Eu olhei pra ele e falei: “Eu não tenho nada pra te desculpar, foi tudo ótimo! Eu é quem tenho que te agradecer.”


Hoje cedo, fiquei pensando nisso. De onde vem esse sentimento de culpa que, às vezes, não faz sentido? Fui direto consultar Freud. E sim, Freud explica — como sempre, né? É sobre esse tal sentimento de culpa, tão comum em muita gente — talvez até em você que está lendo — que vamos falar agora.


Freud dizia que o sentimento de culpa tem raízes profundas, lá no que ele chamava de Super-eu (usaremos o termo Superego, que é amplamente utilizado e conhecido). O Superego é uma espécie de “consciência moral” que carregamos dentro de nós. Ele é formado durante a infância, quando começamos a absorver as regras e expectativas dos nossos pais, cuidadores e, mais tarde, da sociedade. É como se fosse aquele “juiz” interno que fica avaliando se estamos agindo conforme as regras. O problema é que, às vezes, esse juiz é muito severo.


E o que acontece? Quando o Eu — que é a parte de nós que tenta lidar com a realidade e satisfazer nossos desejos — não cumpre todas as expectativas desse Superego moralizador, a gente sente a famosa culpa. É como se o Superego dissesse: “Olha só, você não fez o que era certo, e agora precisa pagar o preço!”



Mas e quando o meu amigo pede desculpas por algo que ele nem fez? Bem, isso tem a ver com a forma como o seu Superego se formou. Algumas pessoas cresceram em ambientes onde as regras eram muito rígidas ou as expectativas eram altas demais. O resultado? O Superego se torna um verdadeiro fiscal implacável, cobrando culpa até quando não tem motivo. A pessoa se sente culpada antes mesmo de saber se fez algo errado. É como se dissesse: “Desculpa por qualquer coisa que eu nem sei se fiz!” — e aí entra aquele pedido de desculpas automático.


Agora, aqui vai uma sacada importante: a culpa, no fundo, é uma forma de tentar evitar a perda de amor. Lá na infância, a criança percebe que, se não seguir as regras ou agradar os pais, pode perder o afeto deles — e isso é assustador. Então, ela começa a introjetar essas regras, ou seja, traz para dentro de si os valores e normas que foram impostos. Com o tempo, o Superego se forma e, mesmo que os pais não estejam mais por perto, o “juiz interno” continua atuando.


E por que sentimos culpa mesmo quando adultos? Porque o Superego não quer que a gente perca o amor ou seja rejeitado. Quando falhamos, a culpa surge como um mecanismo de defesa, uma tentativa de reparar o erro e garantir que continuaremos sendo aceitos e amados. É como se, ao pedir desculpas, meu amigo estivesse dizendo ao mundo: “Olha, eu sou uma boa pessoa, me perdoa, não me abandona.”


Mas será que isso faz sentido sempre? Claro que não. O Superego, com suas regras rígidas, às vezes exagera. Ele nos cobra perfeição, nos faz sentir culpados por coisas que nem fizemos — e isso pode ser bem cansativo. A verdade é que, muitas vezes, precisamos aprender a ser mais gentis com nós mesmos, a relaxar um pouco esse juiz interno.


Então, da próxima vez que você sentir culpa por algo que nem aconteceu, vale a pena perguntar: essa culpa é realmente justa, ou é só meu Superego pegando pesado?


E como disse Freud, esse conflito entre as expectativas do Superego e as ações do Eu é que gera essa tensão, essa sensação de que estamos sempre devendo algo, sempre aquém do que deveríamos ser.


A boa notícia é que, ao reconhecer isso, você pode começar a suavizar um pouco esse “juiz interno”. Afinal, todos nós estamos tentando fazer o melhor que podemos, e nem sempre vamos corresponder a todas as expectativas — e tá tudo bem!


— Alessander Raker Stehling

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“A tensão entre as expectativas da consciência [moral] e as realizações do Eu é percebida como sentimento de culpa.” - Frases Freud
“A tensão entre as expectativas da consciência [moral] e as realizações do Eu é percebida como sentimento de culpa.” - Frases Freud

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