Que o ser humano se acha não é novidade para ninguém. Temos um histórico altivo, de muito orgulho e vaidade, que sofreu duros golpes ao longo da nossa história. Vejamos alguns exemplos:
1) O ser humano acreditava que a terra estava no centro do universo, e que a lua, os planetas e o sol moviam-se ao seu redor. Deduziram isso provavelmente por ignorância, por não perceberem o movimento da terra, que — hoje sabemos — se desloca em torno do sol a aproximadamente 100.000 km/h. Porém, por volta do ano de 1514, Nicolau Copérnico, através de seus experimentos científicos, esfacelou esse orgulho (narcísico) humano, ao comprovar que a terra não estava no centro do universo e que ela era parte do sistema solar, movimentando-se em torno do sol. Esse foi o primeiro grande golpe na presunção humana.
2) Quanto mais o homem se afastava da natureza e abraçava a civilização, mais arrogante ele se tornava. Em dado momento, chegamos ao ponto de nos declararmos superiores aos demais animais, alegamos ter um espírito imortal e nos declaramos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança. Contudo, em 1859 Charles Darwin chocou o mundo, ao lançar a “Teoria da Evolução”, onde comprovou cientificamente que o homem não é melhor ou pior que os outros animais, ele é um animal também, descendendo de um primata ancestral. Esse foi o segundo — e duro — golpe no orgulho (narcisismo) humano.
3) Ao longo da nossa história, o homem passou a se orgulhar da própria racionalidade. Alegou ser dono de si, e afirmou poder confiar plenamente em seus pensamentos conscientes. Que ali, no que se passava em sua mente, estava a sua verdade. Entretanto, no início do seculo XX, Sigmund Freud derrubou essa ilusão narcísica humana. Ele investigou a origem dos pensamentos humanos e descobriu que grande parte deles apenas encobriam nossos pensamentos e sentimentos reais, e que eles escondiam a nossa verdade. Comprovou que a maioria dos nossos pensamentos conscientes são meras racionalizações de pensamentos e desejos que preferimos não tomar conhecimento; em outras palavras, Freud afirmou — e a neurociência comprovou — que a maior parte das nossas ações são irracionais, que agimos muito mais por impulsos e emoções inconscientes do que supúnhamos, ou como ele mesmo disse: “o Eu não é senhor em sua própria casa.” Esse foi o terceiro — e talvez o mais forte — golpe na soberba humana.
— Alessander Raker Stehling
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