— Olá, bom dia! Tudo bem?
— Tudo e com você?
— Tudo também.
— Tenha um ótimo dia!
Se você mora em Minas — assim como eu —, talvez o diálogo seja ainda mais curto:
— Bão?
— Bão.
Cumprimentos fazem parte do dia a dia. Mas e se, em vez da resposta esperada, alguém dissesse: “Tá mais ou menos” ou, pior, “Não tô bem”?
A maioria das pessoas tenta encerrar o assunto:
— Liga não, vai passar!
— Tá difícil pra todo mundo, né?
— Só Deus pra ajudar…
O que essas frases realmente dizem? No fundo, todas significam a mesma coisa: “Não quero me envolver com isso.”
Curioso, porque se perguntamos como alguém está, em teoria, queremos saber. Mas, na maioria das vezes, é só um protocolo social. Esperamos uma resposta rápida e confortável, algo que nos permita continuar o dia sem interrupções.
A verdade é que não fomos educados para escutar. Alguém aqui já teve uma aula de escutatória? De oratória tem curso pra tudo quanto é lado. Mas escutar de verdade? Ninguém ensina.
Aí ouvimos o desabafo de alguém e sentimos aquela pressão enorme de dar uma solução, de dizer algo que faça a pessoa se sentir melhor. Mas, muitas vezes, quem desabafa não quer uma solução — quer ser ouvido.
Evitamos conversas profundas por vários motivos: pressa, falta de hábito, medo de não saber o que dizer. Mas tem algo mais. Encarar a dor do outro, muitas vezes, nos obriga a olhar para a nossa.
Se um amigo diz:
— Cara, eu não tô bem. Ando me sentindo perdido, meio sem rumo na vida.
Se você já se sentiu assim alguma vez (e quem nunca?), sabe como é incômodo. A vontade de fingir que não ouviu ou soltar uma resposta genérica pode ser só uma forma de evitar esse desconforto.
Mas e se, em vez disso, você dissesse:
— Quer me contar?
Sem pressa, sem julgamento, sem a necessidade de consertar nada. Apenas um convite para o outro se expressar.
Quantas vezes você já se sentiu aliviado só por alguém te escutar sem interromper? Ouvir de verdade — não apenas escutar — é um dos maiores presentes que podemos dar a alguém. Exige generosidade e coragem, porque significa sair da nossa bolha, estar presente de fato e se conectar de verdade.
Muitas vezes, as pessoas não precisam de conselhos ou frases prontas. Precisam de um espaço seguro para colocar para fora aquilo que pesa dentro delas.
E esse espaço pode ser você.
Da próxima vez que alguém disser “Não estou bem”, experimente trocar a pressa por presença. Um simples “Fala comigo, o que aconteceu?” pode ser tudo o que o outro precisa para se sentir menos sozinho.
No fim das contas, perguntar como alguém está só faz sentido se estivermos dispostos a escutar a resposta.
E você? Quando foi a última vez que realmente escutou alguém?
— Alessander Raker Stehling
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